Trump Acusa Zelensky de “Brincar com a 3ª Guerra Mundial” em Discussão na Casa Branca
Confronto Histórico no Salão Oval
Em um momento digno dos piores episódios da história internacional, os presidentes Volodymyr Zelensky e Donald Trump protagonizaram um confronto inédito e transmitido ao vivo direto do emblemático Salão Oval da Casa Branca. A tensão entre os dois líderes surpreendeu o mundo, e as repercussões podem transformar para sempre a dinâmica das relações diplomáticas dos Estados Unidos no cenário global. Trump já foi desmentido pelo presidente da França Emmanuel Macron e já interrompeu o discurso do premiê do Reino Unido em coletiva dizendo “Já chega, obrigado”, tudo ao vivo. As coletivas com Donald Trump tem se tornado cada vez mais “circenses”.

Durante a discussão uma embaixadora Ucraniana entrou em desespero e escondeu o rosto, a frustração de todos é visível – Foto: The White House
A reunião, marcada para a assinatura de um acordo que abriria caminho para a exploração de minerais em solo ucraniano – frequentemente chamado de “acordo de terras raras”, embora envolva uma diversidade maior de recursos estratégicos –, tomou um rumo inesperado. Zelensky decidiu deixar de assinar o acordo, deixando Trump e seus assessores perplexos e gerando inúmeros questionamentos sobre a estratégia adotada tanto pela Ucrânia quanto pelos Estados Unidos.
Antes que se diga que um esforço militar é dispendioso e que os Estados Unidos “merecem” uma contrapartida, é importante lembrar do Memorando de Budapeste, assinado pelo então presidente Bill Clinton em 5 de dezembro de 1994. Nele, os Estados Unidos, o Reino Unido, Rússia e outros países ofereceram garantias de segurança a favor da Ucrânia em troca do compromisso de renunciar às armas nucleares que mantiveram após a dissolução da União Soviética. Embora o documento não estabeleça obrigações militares formais ou um mecanismo de intervenção automático, ele representa um compromisso político de suporte à Ucrânia no caso de agressões, ressaltando a importância de uma ordem internacional baseada na integridade dos Estados. Donald Trump está cobrando para cumprir uma promessa que já havia sido feita há 21 anos. Tampouco podemos dizer que esse acordo foi assinado por Bill Clinton e não por Trump, afinal Bill Clinton não assinou como cidadão e sim como o representante maior dos Estados Unidos e portanto, A nação americana assinou o acordo.
Carlos Frederico de Souza Coelho, renomado professor de Relações Internacionais da PUC-Rio e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), classificou a postura do presidente norte-americano como “bizarra”. Segundo Coelho, “o que vimos hoje não tem precedente. Na diplomacia, todas as negociações são meticulosamente planejadas para evitar que uma situação como essa ocorra”. Seus comentários ressaltam que o episódio não apenas mina a credibilidade dos EUA como parceiro internacional, mas também envia um sinal preocupante aos aliados europeus, que terão que reavaliar suas relações com um país cada vez mais volátil.
Impactos na Reputação dos EUA e na Política Interna
Para os Estados Unidos, a principal consequência do episódio não é apenas diplomática, mas também de reputação. O confronto dramático evidencia que os americanos estão comprometendo a confiança dos seus aliados num momento em que a nação enfrenta desafios internos mútuos, como a inflação e questões migratórias. Coelho destaca que, para o eleitorado de Trump, a questão ucraniana é secundária. “Mesmo que a Rússia tenha cometido absurdos, os eleitores estão mais preocupados com a economia e questões domésticas. Durante a campanha, muitos membros do Partido Republicano defendiam que a Ucrânia deveria ser deixada à própria sorte.”
Repercussões e Reações Internacionais
Durante a reunião, as críticas de Zelensky ao governo norte-americano foram diretas: ele acusou os EUA de não terem agido de forma incisiva para conter as ambições expansionistas do presidente russo, Vladimir Putin. A resposta de Trump não demorou. Irritado, ele afirmou que Zelensky estava colocando milhões de vidas em risco e, inclusive, insinuou que o presidente ucraniano não possuía argumentos sólidos para qualquer negociação. O vice-presidente americano, J.D. Vance, chegou a questionar: “Quantas vezes você disse ‘obrigado’ nessa reunião?” logo antes dos ânimos esfriarem.
Poucos minutos após o calor do debate, os dois líderes foram encaminhados para uma reunião interna, e uma coletiva de imprensa, originalmente agendada, foi cancelada, aumentando a incerteza sobre os próximos passos da gestão norte-americana. Trump, por sua vez, recorreu às redes sociais para afirmar que Zelensky poderia retornar sempre que almejasse a paz, numa tentativa de mitigar os estragos causados pelo episódio.
Um Jogo de Estratégia Econômica
O acordo em discussão, que envolvia não apenas as terras raras, mas também um grupo de minerais considerados estratégicos para o crescimento econômico, revelou a relevância geopolítica dos recursos naturais na corrida por independência econômica dos EUA. Dentre os minerais envolvidos, destacam-se o grafite, lítio, titânio, berílio e urânio. Esses recursos são vitais, especialmente considerando a dependência dos EUA das importações para muitos deles – a maior parte oriunda da China, um rival estratégico indiscutível.
De acordo com dados do United States Geological Survey, dos 50 minerais classificados como críticos, os EUA dependem totalmente da importação de 12 e, em mais de 50% dos casos, de outros 16. Em contrapartida, o governo ucraniano aponta que seu país possui reservas de 22 desses 50 minerais, colocando a Ucrânia em posição chave para a negociação e redução da dependência americana.
A “Nova Ordem” Diplomática
O episódio vivido no Salão Oval promete ter consequências de longo prazo para as relações internacionais. A postura uns tanto imprevisível quanto hostil de Trump pode levar a uma reconfiguração das alianças globais, sobretudo com os aliados europeus que agora precisam reconsiderar a confiabilidade dos Estados Unidos. Enquanto Zelensky enfrenta o desafio de equilibrar os interesses ucranianos em um cenário repleto de complexidade geopolítica, os próximos passos de ambas as administrações permanecem tão incertos quanto o futuro da própria diplomacia mundial.
Apesar dos interesses comuns, a tensão marcou a reunião. Zelensky saiu sem assinar o acordo planejado, o que surpreendeu e frustrou observadores internacionais. Fontes indicam que Trump estaria aguardando uma “conversa construtiva” para prosseguir.
O embate deixou as relações entre EUA e Ucrânia em um estado de incerteza, com Trump exigindo mais gratidão pelo apoio americano e ameaçando reconsiderar as ajudas providas até então. Essa postura endurecida sugere uma mudança na política americana em relação à Ucrânia, uma mudança que ecoa preocupações entre os aliados europeus e dentro do próprio Congresso dos EUA.
A postura de Trump coloca um ponto final no ideal americano de luta pela liberdade no mundo. A exigência de pagamento, disfarçado de contrapartida, pelo o apoio militar coloca as Forças Armadas dos EUA em situação semelhante a da Legião Estrangeira por exemplo. Um exército muito bem equipado e treinado de mercenários dispostos lutar por dinheiro, na contramão do discurso de Bastiões da liberdade e da Diplomacia. Os ucranianos estão morrendo em uma guerra por terem acreditado na paz e no desarmamento. E se a Ucrânia tivesse mantido seu arsenal nuclear precisaria de um “Exército de Aluguel”?