Governador de SP Defende Urnas e desmente Sucessão a Bolsonaro para 2026
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, representante dos Republicanos, assumiu uma postura decisiva em meio a intensos debates políticos e articulações para 2026. Durante uma entrevista ao vivo no podcast Inteligência Ltda, Tarcísio afirmou que não há contradição em elogiar as urnas eletrônicas utilizadas nas recentes eleições e, ao mesmo tempo, manter uma relação próxima com o ex-presidente Jair Bolsonaro, representante do PL.
Tarcísio ressaltou que suas palavras sobre os aspectos positivos da Justiça Eleitoral não indicam que não haja espaços para melhorias. “Elogiar o sistema não significa fechar os olhos para os desafios que ainda precisamos enfrentar”, destacou o governador. Esta declaração veio em resposta a críticas intensas por parte de bolsonaristas, que têm tentado projetá-lo como o possível sucessor de Bolsonaro, especialmente caso o ex-presidente não consiga restituir sua elegibilidade para disputar as eleições de 2026.
Diálogo e Encontros Políticos
Num cenário marcado por encontros e declarações surpreendentes, Tarcísio e Bolsonaro participaram juntos da referida entrevista, realizada um dia antes da sessão no Supremo Tribunal Federal que decide se Jair Bolsonaro se tornará ou não réu na “tentativa de golpe”.
Durante a conversa, Bolsonaro, em tom enfático, afirmou que não passaria o “bastão” de seu legado político para Tarcísio ou qualquer outra pessoa: “Eu só passo o bastão depois de morto.” Porém, em um desdobramento adicional, o ex-presidente insinuou que, caso permaneça inelegível, seu campo político encontrará um “plano B” para os desafios futuros.
Tarcísio foi categórico ao afirmar que a proximidade com Bolsonaro, embora presente, não equivale a uma aprovação a qualquer custo ou a um apoio a golpes. “Não apoiarei nenhum golpe, de jeito nenhum”, declarou o governador, reforçando sua convicção em manter os pilares institucionais da democracia. Ele destacou: “Não existe passagem de bastão. A minha atuação é pelo bem do estado de São Paulo e está alinhada com os princípios democráticos.”
Ainda, o governador evidenciou que, apesar de haver críticas de internautas e setores mais radicais, sua relação com o STF e com atores políticos de diferentes espectros baseia-se em relações institucionais voltadas ao interesse público. Mesmo diante dos comentários acalorados, Tarcísio defendeu que a presença de Bolsonaro como líder na direita é um reconhecimento de sua relevância política, mas que a carreira dele tem seu próprio rumo e mérito.
Tensões e a Justiça Eleitoral
No mesmo episódio, Bolsonaro reiterou sua postura contrária a qualquer tentativa de golpe. O ex-presidente, que inclusive chegou a comparar a complexidade de articular um golpe com a necessidade de estabelecer uma alimentação planejada – “você não pode achar uma companheira hoje e ter um filho no mês que vem”, disse ele –, destacou que um golpe requereria articulação com diversos setores como o Parlamento, a imprensa, as Forças Armadas, dentre outros, algo que não ocorreu nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
Além disso, Bolsonaro refutou acusações de que um planejamento golpista estaria presente, utilizando uma dose de humor ao afirmar que, se houvesse dúvidas quanto à adesão dos comandos militares – “se mandasse plantar bananeira”, usou o ex-presidente para ilustrar a situação –, a resposta seria imediata.
A entrevista de Tarcísio e Bolsonaro ocorre em meio a um cenário político conturbado: o STF adiou o julgamento que poderá transformar o ex-presidente em réu por sua suposta atuação em organizar atos golpistas. Com o placar voltado para a condenação de Débora Rodrigues dos Santos, envolvida em manifestações após os ataques de 8 de janeiro, a tensão aumenta tanto nos tribunais quanto nas arenas políticas.
Ainda, à tona nas discussões está a operação do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que aposta em dialogar com congressistas dos Estados Unidos sobre o que ele considera ser uma “perseguição política” contra seu pai. Essa tentativa de internacionalizar o debate eleva o nível das disputas, com repercussões que podem afetar o cenário eleitoral de 2026.
A entrevista ao vivo no podcast Inteligência Ltda revelou posicionamentos firmes de Tarcísio de Freitas em relação à Justiça Eleitoral e suas relações com Jair Bolsonaro. O governador defendeu a importância de reconhecer pontos positivos no sistema eleitoral, sem descartar a necessidade de melhorias, e reafirmou que não endossará qualquer prática golpista. Ao mesmo tempo, Bolsonaro recusou a ideia de “passagem de bastão”, deixando claro que seu legado seguirá independente, mesmo diante de desafios judiciais e políticos iminentes.
A corrida para as eleições de 2026 está sendo articulada em várias frentes e com muita força, onde articuladores de diferentes “interesses” buscam consolidar suas posições de poder. No longo caminho pela frente nos resta observar e refletir sobre o futuro que queremos para o país.