A Operação Overclean, resultou em 43 mandados de busca e apreensão e 17 prisões preventivas
Uma operação conjunta deflagrada nesta terça-feira (10) pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um extenso esquema de desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo emendas parlamentares. A Operação Overclean, como foi denominada, resultou em 43 mandados de busca e apreensão e 17 prisões preventivas, além de ordens de sequestro de bens em cinco estados: Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
O alvo principal da investigação foi o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Segundo as autoridades, o esquema desviava recursos provenientes de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.
Principais Suspeitos e Modus Operandi
Entre os detidos estão os empresários e irmãos Alex e Fabio Rezende Parente, o empresário José Marcos de Moura do setor de limpeza urbana, e Lucas Lobão, ex-comandante do Dnocs na Bahia durante o governo Bolsonaro. As investigações apontam esses quatro como líderes do suposto esquema criminoso.
O grupo atuava de forma estruturada, com operadores centrais e regionais que cooptavam servidores públicos. Suas atividades incluíam:
- Direcionamento de licitações
- Superfaturamento de obras
- Desvio de recursos públicos
- Utilização de empresas de fachada para pagamento de propinas
A CGU revelou que durante o período investigado, a organização movimentou aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Somente em 2024, foram firmados contratos que somam R$ 825 milhões com diversos órgãos públicos.
Impacto e Ramificações
A operação também atingiu figuras políticas, como Francisquinho Nascimento, vereador e primo do deputado federal Elmar Nascimento. Em Salvador, o servidor Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, da Secretaria Municipal de Educação, foi apontado como um dos braços do esquema.
| ASPECTO | DETALHE |
|---|---|
| Movimentação total investigada | R$ 1,4 bilhão |
| Contratos firmados em 2024 | R$ 825 milhões |
| Superfaturamento parcial identificado | Mais de R$ 8 milhões |
O atual dirigente do Dnocs na Bahia, Rafael Guimarães de Carvalho, foi alvo de busca e apreensão. Ele é investigado por supostamente favorecer empresas com base em relatórios de obras fraudados, elaborados para viabilizar pagamentos antes da realização dos serviços pactuados.
A investigação apontou que o esquema criminoso não se limitou aos contratos firmados pelo Dnocs, tendo se expandido para outras esferas da administração pública. O grupo teria cooptado servidores públicos para atuar no direcionamento de licitações e na execução dos contratos públicos.
A Operação Overclean representa um marco significativo no combate à corrupção sistêmica no Brasil. Ao expor as intrincadas redes de desvio de recursos públicos, as autoridades dão um passo importante na direção da transparência e da integridade na gestão pública. O desdobramento deste caso promete trazer à tona ainda mais detalhes sobre como as emendas parlamentares têm sido utilizadas como instrumento de práticas ilícitas, afetando diretamente o desenvolvimento de regiões carentes e a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população.
As prefeituras de Salvador e Campo Formoso foram procuradas, mas não se manifestaram sobre as investigações. A reportagem não localizou até o momento as defesas dos principais suspeitos. À medida que novas informações surgirem, espera-se que mais luz seja lançada sobre este complexo esquema de corrupção que afeta diretamente o uso de recursos públicos destinados ao desenvolvimento nacional.
