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Um Crime que Assustou o Brasil, mas deveria assustar o Mundo

Um Crime que Assustou o Brasil, mas deveria assustar o Mundo

Adolescente Mata Comerciante por Garantia da Tela de um Celular

Em uma manhã que começou como qualquer outra, Goiânia foi palco de um crime chocante que abalou a comunidade e traz a tona uma questão muito mais abrangente e assustadora: os limites da NANOFOBIA. Na sexta-feira (31/1), um comerciante foi brutalmente assassinado a tiros em um shopping no Setor Morada do Sol, uma área conhecida por sua intensa movimentação e comércio vibrante. De acordo com a Polícia Militar, o autor do crime é um adolescente de apenas 16 anos e motivação teria sido um problema na garantia do conserto de um Smartphone que deixou o jovem sem poder usar o aparelho. Um reflexo alarmante da crescente dependência tecnológica entre os jovens. O adolescente fugiu em uma moto logo após os disparos. Câmeras de segurança do shopping capturaram a chegada do suspeito e parte de sua fuga.

A Vítima

A vítima, Fernando Gomes Teixeira da Silva, era um empresário respeitado e proprietário de uma loja de acessórios para celular. Ele foi atingido por três tiros à queima-roupa.

Histórico do Atirador

O adolescente já era conhecido pelas autoridades, tendo sido detido anteriormente por envolvimento em outro assassinato. No momento do ataque, ele vestia o uniforme de um colégio estadual, o que pode ter facilitado sua movimentação sem levantar suspeitas imediatas. Além disso, segundo o delegado responsável pelo caso, o jovem tem ligações com facções criminosas, o que complica ainda mais a dinâmica desse homicídio. A Polícia Militar agiu rapidamente para localizar e deter o jovem atirador que foi preso escondido em um quintal.

Nomofobia e a Juventude

Este caso trágico traz à tona a questão da nomofobia, ou o medo irracional de ficar sem um dispositivo móvel. Estudos indicam que a dependência de smartphones entre jovens está em ascensão, com muitos relatando ansiedade extrema quando separados de seus dispositivos. Essa dependência pode levar a comportamentos impulsivos e, em casos extremos, a tragédias como a que ocorreu em Goiânia. A nomofobia é um fenômeno em crescimento que afeta uma parte significativa da população jovem no Brasil e no Mundo. Embora os dados específicos possam variar entre os diversos estudos, algumas estimativas e pesquisas apontam números alarmantes:

  • Prevalência Global: Estudos sugerem que a nomofobia pode afetar entre 40% a 70% dos jovens em várias regiões do mundo, dependendo dos métodos de pesquisa e critérios utilizados para definir o transtorno.
  • Crescimento Contínuo: Com a crescente penetração dos smartphones e o uso intensivo das mídias sociais, o número de jovens afetados por nomofobia tende a aumentar, especialmente em regiões com alto acesso à tecnologia. Estudos apontam que uma significativa porcentagem de adolescentes verifica seus dispositivos várias vezes por hora, refletindo uma dependência crescente.
  • Pressão Social: As redes sociais exercem uma pressão significativa sobre os adolescentes para estarem constantemente conectados e atualizados.
  • FOMO (Fear of Missing Out): O medo de perder eventos ou atualizações importantes contribui para a necessidade constante de checar dispositivos.

A ansiedade gerada pela ausência de um dispositivo móvel pode exacerbar comportamentos impulsivos e agressivos, especialmente em adolescentes que já enfrentam outros desafios emocionais ou sociais que já são comuns “nessa fase”. A nomofobia entre adolescentes é um desafio que requer atenção de pais, educadores e profissionais de saúde. Compreender a extensão e os impactos desse fenômeno é crucial para desenvolver estratégias eficazes que promovam o bem-estar digital e psicológico dos jovens.

Jovens Faccionados e a nossa Mea Culpa

O incidente também reacendeu o debate sobre a questão da redução da Maioridade Penal. O jovem foi acusado de “Ato Infracional” análogo ao homicídio qualificado e passará (quando muito) 2 anos em privação de liberdade, uso esse termo porque adolescentes não são “presos” aos olhos da lei, são apreendidos e tampouco ficam em uma presídio. A sensação de impunidade encoraja até mesmo o recrutamento de menores para os “trabalhos” do crime organizado. Menores são vistos como “bodes expiatórios” ideais, uma vez que, se capturados, enfrentam penas menos severas e, em muitos casos, são encaminhados para sistemas de reabilitação juvenil ou prestação de serviços comunitários, que naioria dos casos se resume ao pagamento de Cestas Básicas.

Além disso, a vulnerabilidade social e econômica de muitos jovens facilita o recrutamento por facções. Em comunidades onde a pobreza é predominante e as oportunidades de educação e emprego são limitadas, o envolvimento em atividades criminosas pode ser percebido como uma forma rápida de ganhar dinheiro e status. Facções criminosas muitas vezes oferecem incentivos financeiros ou proteção a jovens e suas famílias, tornando a adesão a essas organizações uma escolha atraente para aqueles em situações desesperadoras. Lembro de uma frase que ouvi quando era deitor do programa policial “Chumbo Grosso”, o repórter Fernando Moreno perguntou a um jovem a razão de ter entrado para o mundo do crime e a resposta foi simples e direta: “Quem já vive no inferno não tem medo do Capeta”. Não há ameaça ou restrição que possa coagir quem já vive coagido e esse é um dos nossos maiores desafios em um mundo onde a concentração de riqueza aumenta cada vez mais e que o 1% mais rico da população mundial possui mais riqueza do que o restante combinado. Essa mamtemática cruel não faz sentido para um jovem que já nasceu em um sistema que o empurra cada vez mais para a pobreza. Quantos jovens já roubaram para comprar o tão desejado I-phone Inventado por um Gen X? Nós criamos fetiches comerciais inatingíveis para 99% da população e depois nos espantamos com o número de pessoas com ansiedade e depressão! Me admira que todos os 99% que dividem 1% da riqueza do planeta não estejam deprimidos ou ansiosos…ou revoltados.

Esses grupos também exploram a busca dos adolescentes por identidade e pertencimento. Facções podem oferecer um sentido de comunidade e importância que muitos jovens não encontram em suas vidas cotidianas. Ao envolver menores em atividades criminosas, as facções não apenas se beneficiam das penas reduzidas, mas também garantem uma nova geração de membros que podem ser doutrinados e leais à causa do grupo. Agora temos até “Traficantes Crentes”, que invadem favelas e matam rivais em nome de Jesus no Rio de Janeiro, que por sinal “continua lindo…”

Este homicídio não é apenas “mais um para a estatística”, é um alerta sem precedentes para os rumos que estamos tomando como sociedade e como planeta. É fácil culpar os jovens pela apatia, violência, alienação e tantas outras coisas que a NOSSA geração deixou de herança para eles. Lutamos para ter um mundo altamente tecnológico e criamos manuais de instruções para todo tipo de aparelho mas esquecemos de preparar corretamente os futuros “usuários” de tudo isso. e é importante reconhecermos nossa Mea Culpa mas não faremos isso, afinal a famosa canção de Elis Regina lançada em 1976 já dizia: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais…

 

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