A polarização política brasileira ganhou um novo capítulo com a eleição de Gilberto Nascimento (PSD-SP) como presidente da influente Frente Parlamentar Evangélica. Essa eleição marca uma notável mudança dentro da Frente Evangélica, mas mantêm os entrelaçamentos políticos entre figuras-chave como Jair Bolsonaro e o atual presidente Lula. Pela primeira vez, a escolha do líder da Frente foi decidida por uma votação formal, mostrando a intensidade das divisões internas. Não se chegou a um consenso e foi no voto de papel mesmo.

Nascimento, fortemente apoiado por Bolsonaro, obteve 117 votos, derrotando Otoni de Paula (MDB-RJ), que conquistou 61 votos. Otoni era mais próximo de Bolsonar mas aproximou-se do governo Lula e acabou sendo visto por muitos como um “Traidor”, o que contribuiu para que ele ficasse com apenas 61 votos nesta disputa.

A eleição durou cerca de três horas, e por vezes foi bastante inflamada e com direito a intervenção de manifestantes do fim da escala 6×1, o que aliás não tinha a menor relação com a reunião. A presença de Flávio Bolsonaro e Damares Alves mostraram a relevância estratégica  da maior bancada temática no congresso no jogo de xadrez rumo às eleições de 2026.

Implicações e Controvérsias

A vitória de Nascimento representa uma afirmação da ala mais conservadora da Frente, com o eleito comprometendo-se a lutar pelas pautas que sua Ala, segundo ele, “a sociedade clama”. Apesar de evitar associações diretas com Bolsonaro quando questionado, as suas afiances evidenciam um alinhamento ideológico próximo, prometendo um confronto mais acentuado com a administração de Lula.

Paradoxalmente, a eleição também foi testemunha das tensões ideológicas dentro da bancada evangélica, tradicionalmente um reduto do bolsonarismo, evidenciando o esforço dos membros para tentar uma transição suave entre as administrações federal.

Quem é Gilberto Nascimento?

Com a posse marcada para o dia seguinte, iniciando com o tradicional Culto de Santa Ceia, há curiosidade sobre como Nascimento irá liderar uma das maiores bancadas temáticas do Congresso.

Gilberto Nascimento foi deputado com passagens pela Câmara Municipal e Assembleia Legislativa de São Paulo, consolidando-se como um nome de peso na política nacional. Além de sua atuação política, trabalhou como delegado de polícia no estado de São Paulo entre 1990 e 1995. Ligado à Igreja Assembleia de Deus, tem pautado sua atuação em defesa de valores conservadores. Atualmente, exerce seu terceiro mandato como deputado federal por São Paulo, Sua eleição não apenas reforça o bolsonarismo dentro da Frente Parlamentar Evangélica, mas também sublinha sua habilidade de dialogar, prometendo a defesa de temas centrais como a família, a fé e os valores cristãos. Apesar de negar uma conexão formal com o ex-presidente Bolsonaro, sua vitória é interpretada como um fortalecimento dessa aliança política. O desenrolar desse cenário sugere um novo capítulo na política de confrontação que tem caracterizado as discussões nos últimos anos. Enquanto Nascimento se prepara para assumir o cargo, a questão permanece sobre como sua liderança planeja orientar esta poderosa bancada em um período de crescente tensão e polarização.