A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) tem intensificado o trabalho estratégico de captura e controle de morcegos hematófagos para prevenir e controlar a raiva em herbívoros em Goiás. Uma das últimas ações no Estado ocorreu em Água Fria de Goiás, no período de 29 de julho a 1º de agosto. A iniciativa foi realizada após a confirmação da morte de dois bovinos por raiva dos herbívoros e teve como foco a identificação de abrigos, a captura de morcegos hematófagos e a orientação sanitária nas propriedades localizadas na área de foco e perifoco da doença.

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Durante a operação, fiscais estaduais agropecuários identificaram dois abrigos de morcegos. No primeiro, as amostras enviadas para o laboratório testaram negativo para o vírus da raiva. Já o segundo abrigo, de difícil acesso, não permitia inspeção direta. Para garantir a eficácia do controle, a equipe retornou ao local à noite, montou redes em frente à gruta e conseguiu capturar diversos animais, que foram tratados com pasta vampiricida, método utilizado para controle populacional da espécie.

Paralelamente à captura, os fiscais também realizaram atividades de educação sanitária com produtores da região, reforçando orientações sobre os sinais clínicos da raiva nos animais, medidas preventivas, importância da vacinação e da notificação imediata de casos suspeitos.

A fiscal estadual agropecuária, Michelle Ferreira Dias – que participou da ação -, destaca que o trabalho preventivo é essencial para evitar surtos da doença. “Esse tipo de controle é essencial. Muitas vezes o produtor não sabe que um abrigo em sua propriedade pode colocar em risco todo o rebanho. Quando identificamos a presença desses animais, realizamos o tratamento com uma pasta anticoagulante para o controle populacional. É uma medida de saúde animal e pública, que evita a propagação do vírus nos rebanhos e entre seres humanos”, afirma. Também participaram das ações de captura os fiscais Marcos Danilo Nogueira e Weber Rosa Roriz.

A ação foi recebida com gratidão e curiosidade por moradores da região, como a dona da propriedade onde aconteceu uma das capturas, Marinilza Rodrigues Mendes. “Achei importante saber mais sobre a doença e conhecer esse trabalho de perto. Eu estava preocupada com os riscos. Só tenho a agradecer à Agrodefesa. O meu filho de 9 anos, João Gabriel, ficou encantado e até pediu um traje igual ao dos fiscais”, conta.

As atividades de captura de animais e monitoramento de abrigos integram o Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), desenvolvido com o objetivo de prevenir e reduzir a incidência da doença, que é uma zoonose fatal e pode causar prejuízos econômicos e prejudicar a saúde humana.

Raiva: doença grave e de alta letalidade
A raiva dos herbívoros é uma zoonose viral grave, causada por um vírus da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. A doença acomete bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos e mamíferos domésticos, podendo ser transmitida aos seres humanos, principalmente por contato com a saliva de animais infectados.

A transmissão ocorre por quatro ciclos epidemiológicos: aéreo (entre morcegos), silvestre (animais como raposas e macacos), urbano (entre cães e gatos) e rural (envolvendo animais de produção como bovinos e equinos). A letalidade é alta, o que reforça a importância da vigilância contínua e ações rápidas ao menor sinal da doença.

Para o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, a ação demonstra o papel estratégico da Agência na proteção da saúde animal e da economia rural. “Proteger os rebanhos é proteger a economia e a saúde da população. A atuação dos nossos fiscais tem papel fundamental na prevenção e no controle de doenças que colocam em risco a produção agropecuária e a segurança sanitária do Estado”, destaca.

A Agrodefesa reforça a importância da participação dos produtores no processo de vigilância. A notificação de suspeitas de raiva ou da presença de abrigos de morcegos hematófagos nas propriedades rurais deve ser feita imediatamente pelo Disque Defesa: 0800-646-1122.