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O Brasil pode ser Afetado pela situação na Síria?

O Brasil pode ser Afetado pela situação na Síria?

Mais uma Chama Acesa na Fogueira do Oriente Médio

A presença de Assad em Moscou pode incendiar ainda mais um cenário Diplomático já complicado

No último domingo (8), o presidente sírio Bashar al-Assad deixou a capital Damasco, conforme relatado pela agência de notícias Reuters, que se baseou em informações de dois altos oficiais do exército sírio. Recentemente, agências de notícias russas divulgaram que Assad está em Moscou, o que adiciona uma nova dimensão ao cenário político na Síria. Até o momento, o governo sírio não emitiu um comunicado oficial sobre a saída do presidente do país.

No sábado (7), a presidência síria negou que Assad tivesse abandonado Damasco, com autoridades iranianas, que apoiam o presidente, reforçando que ele e sua família não fugiram da capital ou do país. A presidência afirmou que Assad “continua desempenhando suas funções nacionais e constitucionais na capital”. No entanto, relatos indicam que o presidente não é visto há dias, conforme noticiado pela Al Jazeera.

O ministro do Interior sírio, Mohamed al Rahmun, anunciou que as forças de segurança estabeleceram um cordão “muito forte” ao redor de Damasco, após milícias rebeldes afirmarem que estavam avançando em direção à capital.

A Guerra Civil

Os rebeldes sírios declararam ter entrado em Damasco, afirmando que suas forças começaram a penetrar na capital, sem resistência significativa do exército. A veracidade dessa declaração ainda não foi confirmada. Caso seja verdadeira, esta seria a primeira vez que forças de oposição chegam a Damasco desde 2018, quando o exército sírio recapturou áreas ao redor da capital após anos de cerco.

Os rebeldes também alegaram ter invadido a prisão militar de Saydnaya, ao norte de Damasco, libertando prisioneiros detidos pelo governo sírio. Relatos de moradores indicam sons de tiros e explosões, enquanto vídeos mostram pessoas correndo no aeroporto de Damasco, possivelmente tentando deixar o país.

Com a Rússia envolvida na Guerra com a Ucrânia Bashar ficou sem o apoio Bélico para reprimir os Rebeldes

Antes de avançar para Damasco, os rebeldes sírios tomaram o controle de Homs, a terceira maior cidade do país, localizada ao norte da capital. Homs é um ponto estratégico, conectando o centro da Síria a Damasco e abrigando uma base naval e aérea russa. A cidade foi tomada após as forças de segurança sírias deixarem o local às pressas, queimando documentos antes de partir.

Quem é esse tal Assad?

Bashar Hafez al-Assad nasceu em 11 de setembro de 1965, em Damasco, capital da Síria. Filho do então presidente Hafez al-Assad, Bashar cresceu em uma família alauíta, uma minoria religiosa que desempenha um papel significativo na política síria. Desde jovem, Bashar foi preparado para uma carreira fora da política, ao contrário de seu irmão mais velho, Bassel, que era o herdeiro do regime.

Educação e Carreira Médica

Bashar al-Assad formou-se em medicina pela Universidade de Damasco em 1988, com especialização em oftalmologia. Em busca de aperfeiçoamento, ele se mudou para Londres, onde continuou seus estudos no Western Eye Hospital. Durante seu tempo no Reino Unido, Bashar foi descrito como uma pessoa reservada e dedicada à sua carreira médica, sem demonstrar interesse aparente em política.

Retorno à Síria e Ascensão ao Poder

A trajetória de Bashar mudou drasticamente em 1994, quando seu irmão Bassel morreu em um acidente de carro. Bashar foi chamado de volta à Síria para ser preparado como sucessor de seu pai. Ele ingressou na Academia Militar de Homs, onde recebeu treinamento militar e político, rapidamente ascendendo nas fileiras do governo.

Hafez al-Assad (pai de Bashar) e Richard Nixon

Após a morte de Hafez al-Assad em junho de 2000, Bashar foi eleito presidente da Síria em um referendo nacional, assumindo o cargo em julho do mesmo ano. Sua ascensão ao poder foi inicialmente vista com otimismo por alguns, que esperavam reformas políticas e econômicas sob sua liderança.

O início do governo de Bashar al-Assad foi marcado por algumas tentativas de reforma, conhecidas como a “Primavera de Damasco”, que incluíam a liberalização econômica e a abertura política. No entanto, essas reformas foram de curta duração, e o regime rapidamente voltou a adotar políticas autoritárias.

A liderança de Bashar foi desafiada em 2011, quando a Primavera Árabe desencadeou protestos em massa na Síria. A resposta do governo foi uma repressão violenta, que levou à eclosão de uma guerra civil devastadora. Durante o conflito, Assad enfrentou críticas internacionais severas por violações dos direitos humanos, incluindo o uso de armas químicas contra civis.

Alianças e Conflitos

Ao longo da guerra civil, Bashar al-Assad manteve o apoio de aliados estratégicos, como a Rússia e o Irã, que forneceram assistência militar e econômica crucial para a sobrevivência de seu regime. A guerra civil resultou em uma crise humanitária de grandes proporções, com milhões de sírios deslocados e milhares de mortos.

Bashar Al-Assad ficou no poder por 24 anos

Legado e Futuro

O legado de Bashar al-Assad é profundamente controverso. Para seus apoiadores, ele é visto como um defensor da soberania síria contra intervenções estrangeiras e grupos extremistas. Para seus críticos, ele é responsável por uma das guerras civis mais sangrentas do século XXI, marcada por atrocidades e violações dos direitos humanos.

O futuro de Bashar al-Assad e da Síria permanece incerto, com o país ainda enfrentando desafios significativos em termos de reconstrução, reconciliação e estabilidade política. A presença de Assad em Moscou, pode indicar novas estratégias para garantir a continuidade de seu regime em meio a pressões internas e externas.

Como essa Mudança Afeta o Brasil?

A saída de Bashar al-Assad do poder na Síria pode ter várias implicações indiretas para o Brasil, principalmente em termos de política externa, economia e segurança internacional. Vamos explorar algumas dessas possíveis influências:

1. Política Externa e Diplomacia

A mudança de regime na Síria pode alterar as dinâmicas geopolíticas no Oriente Médio, uma região de interesse estratégico para muitos países, incluindo o Brasil. O Brasil tem mantido uma postura diplomática de não intervenção em conflitos internos de outros países, mas a transição de poder na Síria pode exigir uma reavaliação das relações diplomáticas e comerciais com o novo governo sírio. Além disso, o Brasil pode ser chamado a participar de esforços internacionais para a reconstrução e estabilização da Síria, contribuindo com sua experiência em missões de paz e cooperação internacional.

2. Economia e Comércio

Embora o comércio direto entre Brasil e Síria não seja significativo, a estabilidade no Oriente Médio pode impactar mercados globais de energia e commodities, nos quais o Brasil está inserido. A paz na Síria pode levar a uma maior estabilidade na região, potencialmente influenciando os preços do petróleo e afetando a economia global. Além disso, a reconstrução da Síria pode abrir oportunidades para empresas brasileiras nos setores de construção, infraestrutura e agricultura, áreas em que o Brasil possui expertise.

3. Segurança Internacional

A saída de Assad pode ter repercussões na luta contra o terrorismo e na segurança internacional. O Brasil, como membro de organizações internacionais como a ONU, pode ser afetado por mudanças nas estratégias globais de combate ao terrorismo, especialmente se grupos extremistas tentarem explorar um vácuo de poder na Síria. Além disso, a estabilidade na Síria pode contribuir para a redução do fluxo de refugiados, um tema de relevância humanitária e de segurança global.

4. Comunidade Sírio-Brasileira

O Brasil abriga uma significativa comunidade de descendentes de sírios, que pode ser diretamente impactada por mudanças no governo sírio. A diáspora síria no Brasil pode desempenhar um papel importante na reconstrução da Síria, através de investimentos e transferência de conhecimento. Além disso, a comunidade pode influenciar a opinião pública e as políticas do governo brasileiro em relação à Síria.

Embora a saída de Bashar al-Assad do poder na Síria possa não ter um impacto direto e imediato no Brasil, as repercussões indiretas podem ser significativas, influenciando a política externa, a economia e a segurança internacional. O Brasil, como uma nação com tradição de diplomacia pacífica e cooperação internacional, pode desempenhar um papel construtivo na promoção da estabilidade e do desenvolvimento na Síria e na região do Oriente Médio.

Enquanto isso no Oriente Médio…

Impacto no Irã e na Rússia

A presença de Assad em Moscou sugere um fortalecimento dos laços com a Rússia, que tem sido um dos principais apoiadores de seu regime. Isso pode indicar uma tentativa de buscar apoio militar ou diplomático adicional em meio à crescente pressão interna. O Irã, outro aliado importante, pode ver essa movimentação como uma necessidade de reforçar a aliança trilateral para manter a influência na região.

Repercussões para os Países Vizinhos

A instabilidade na Síria continua a ser uma preocupação para os países vizinhos, como o Líbano, Jordânia e Turquia, que já enfrentam desafios significativos devido ao influxo de refugiados sírios e à ameaça de grupos extremistas. A presença de Assad em Moscou pode ser interpretada como uma tentativa de garantir apoio externo para estabilizar a situação interna.

A Pressa dos EUA e EU 

Os Estados Unidos e a União Europeia podem ver a movimentação de Assad para Moscou como uma oportunidade para pressionar por negociações diplomáticas, visando uma solução política para o conflito sírio. No entanto, a transição de poder deve ser cuidadosamente gerida para evitar um vácuo de poder que possa ser explorado por grupos extremistas.

Possíveis Cenários Futuros

1. Transição Pacífica de Poder: Um cenário ideal seria uma transição pacífica de poder, com a formação de um governo de unidade nacional que inclua representantes de diferentes grupos étnicos e religiosos na Síria. Isso poderia facilitar a reconstrução do país e a reintegração dos refugiados.

2. Escalada do Conflito: Alternativamente, a saída de Assad pode levar a uma escalada do conflito, com facções rivais lutando pelo controle de Damasco. Isso poderia resultar em mais violência e deslocamento de civis, complicando ainda mais a situação humanitária.

3. Intervenção Internacional: A comunidade internacional pode decidir intervir mais diretamente para estabilizar a situação, possivelmente através de missões de paz ou negociações mediadas por organizações como a ONU.

Implicações e Reações Internacionais

O Fim da Aliança Síria-Rússia?

Bashar Al-Assad e Vladmir Putin são aliados históricos

A presença de Bashar al-Assad em Moscou pode ser vista como um movimento estratégico para reforçar a aliança entre a Síria e a Rússia. Este relacionamento tem sido crucial para a sobrevivência do regime de Assad, especialmente em termos de apoio militar e diplomático. A Rússia, por sua vez, tem interesses geopolíticos significativos na Síria, incluindo o acesso ao Mediterrâneo através de suas bases militares. A visita de Assad pode indicar discussões sobre assistência adicional ou novas estratégias para enfrentar a oposição interna.

Reações do Irã

O Irã, outro aliado chave de Assad, pode interpretar sua presença em Moscou como uma necessidade de fortalecer a cooperação trilateral entre Síria, Rússia e Irã. O Irã tem investido pesadamente na Síria, tanto em termos de apoio militar quanto econômico, e qualquer mudança no status quo pode impactar suas operações na região. A coordenação entre esses países pode ser intensificada para garantir que seus interesses comuns sejam protegidos.

Impacto nos Países do Golfo

Os países do Golfo, que em sua maioria apoiam a oposição síria, podem ver a movimentação de Assad como uma oportunidade para redobrar seus esforços diplomáticos e militares para apoiar os grupos rebeldes. A presença de Assad em Moscou pode ser usada como um argumento para aumentar a pressão internacional sobre a Rússia e o Irã, buscando uma solução política que exclua Assad do poder.

Resposta da Comunidade Internacional

A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, pode intensificar seus esforços para mediar um acordo de paz. A presença de Assad em Moscou pode ser vista como uma abertura para negociações, especialmente se a Rússia estiver disposta a facilitar um diálogo entre o governo sírio e a oposição. No entanto, qualquer solução deve abordar as preocupações de segurança de todos os envolvidos e garantir que os direitos humanos sejam respeitados.

Cenários de Desenvolvimento Futuro

1. Negociações de Paz Facilitadas pela Rússia: A Rússia pode usar sua influência para mediar negociações entre o governo sírio e a oposição, buscando uma solução política que estabilize o país e permita a reconstrução.

2. Continuação do Conflito: Se as negociações falharem, o conflito pode continuar, com a possibilidade de uma escalada que envolva mais diretamente os aliados internacionais de ambos os lados.

3. Intervenção Humanitária: Dada a situação humanitária crítica na Síria, a comunidade internacional pode considerar intervenções humanitárias mais robustas para garantir a segurança dos civis e o fornecimento de ajuda.

A presença de Bashar al-Assad em Moscou representa um momento crítico na guerra civil síria, com potencial para influenciar significativamente o futuro do país e da região. A comunidade internacional deve estar vigilante e pronta para apoiar uma solução pacífica e inclusiva, que respeite os direitos de todos os cidadãos sírios e promova a estabilidade regional. A cooperação entre as potências internacionais será essencial para garantir que a transição de poder na Síria seja conduzida de forma a minimizar o sofrimento humano e promover a paz duradoura.

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