E, mais do que isso, foi um pódio inteiramente negro, o que foi extremamente emocionante para nós
Um marco olímpico capturou a atenção de Simone Biles: um pódio composto inteiramente por atletas femininas negras na ginástica. “Rebeca? Ela é extraordinária, uma verdadeira rainha. E, mais do que isso, foi um pódio inteiramente negro, o que foi extremamente emocionante para nós.”
A ocasião era a homenagem que ela e Jordan Chiles, medalhistas de prata e bronze no solo, respectivamente, prestaram a Rebeca Andrade durante a cerimônia de premiação na Arena Bercy, onde a brasileira foi coroada com o ouro.
Em tempo real: acompanhe os acontecimentos das Olimpíadas. Biles, que recentemente criticou Donald Trump por seus comentários sobre o “trabalho negro”, aproveitou a oportunidade para reiterar sua posição após alcançar seu 11º pódio olímpico. Em um debate com Joe Biden em junho, o ex-presidente e candidato havia comentado que imigrantes estavam tomando empregos de americanos negros e hispânicos.
“Eu amo meu trabalho negro”, postou a ginasta no X, respondendo ao cantor Rick Davila, que comemorava seu ouro no individual geral, ecoando a declaração de Trump.
“Jordan me perguntou: ‘Devemos nos curvar para ela?’ E eu respondi: ‘Claro’. Então, nos olhamos e decidimos: ‘Vamos fazer isso agora’. E assim fizemos”, compartilhou Biles. “Foi emocionante vê-la competir, sentir o apoio do público para ela. Era o gesto adequado. Ela é uma rainha”, expressou a americana sobre Rebeca, após a competição de solo.
Chiles, que até se balançou sutilmente ao som do hino brasileiro, expressou que a nova rainha da ginástica merecia tal reconhecimento, pois “ela é um ícone, uma lenda”. “É isso que todos deveriam fazer. Reconhecer o esforço, a dedicação. E sim, era um pódio totalmente negro. Retribuir torna tudo mais belo. Pareceu-me necessário.”
Rebeca, que ainda não havia chegado à sala de entrevistas para escutar os elogios, foi questionada sobre o significado do pódio negro quando apareceu. Ela recordou que as três já haviam compartilhado um pódio semelhante no Mundial. “Repetir isso agora, numa Olimpíada, diante dos olhos do mundo, é demonstrar a força dos negros, mostrar que, apesar dos obstáculos, podemos sim realizar grandes feitos; que as pessoas ou nos aplaudem ou nos aceitam como somos.”
“Estou muito orgulhosa. Amo quem sou, amo a cor da minha pele, mas não me limito a isso. Sei que há muitas outras facetas em mim, na Jordan, na Simone, e em muitas outras atletas, não apenas na ginástica, mas em todas as esferas esportivas, que podem inspirar. Continuar a mostrar que, embora possa ser difícil, se é o seu sonho, ninguém tem o direito de dizer que você não pode.”
Rebeca também fez questão de homenagear Daiane dos Santos, a pioneira que elevou o nível da ginástica artística brasileira. “Ela foi uma grande inspiração para mim, pois era com quem eu me identificava. Ter um modelo é essencial.”
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