A Polícia Civil de Goiás confirmou que o casal foi incluído na lista de procurados da Interpol, conhecida como “Difusão Vermelha”
O mundo dos negócios agrícolas em Goiás foi abalado por um escândalo de proporções internacionais. Um corretor de grãos e sua esposa, Vinicius Martini de Mello e Camila Rosa Melo, respectivamente, tornaram-se alvos de uma caçada global após serem acusados de orquestrar um golpe milionário contra produtores rurais no estado. A Polícia Civil de Goiás confirmou que o casal foi incluído na lista de procurados da Interpol, conhecida como “Difusão Vermelha”, ampliando significativamente o alcance da busca.
Cronologia do Caso
- Junho de 2023: Início das investigações
- Novembro de 2023: Operação policial realizada
- Dezembro de 2023: Inclusão na lista da Interpol
Acusações Principais
- Estelionato
- Organização criminosa
- Lavagem de dinheiro
- Sonegação fiscal
O delegado Márcio Henrique Marques, responsável pelo caso, explicou a gravidade da situação: “A partir do momento em que houve a expedição do mandado de prisão, imediatamente providenciamos que eles fossem incluídos na [lista da] Difusão Vermelha para que pudessem ser capturados onde forem encontrados.”
A Operação Deméter
A investigação, batizada de Operação Deméter, revelou um esquema complexo que ia além do golpe contra produtores rurais. As autoridades suspeitam que o grupo também estivesse envolvido em um elaborado sistema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
AÇÕES DA OPERAÇÃO | RESULTADOS |
---|---|
Mandados de busca e apreensão | 34 |
Prisões realizadas | 4 |
Cidades envolvidas | Rio Verde, Morrinhos, Goiânia, Santo Antônio da Barra, Montividiu |
Valor estimado de bens apreendidos | R$ 200 milhões |
Entre os itens apreendidos estão:
- Armas
- Joias
- Veículos importados
- Caminhões bitrens (alguns avaliados em mais de R$ 1 milhão)
- Casas de luxo
O Esquema de Sonegação
Segundo as investigações, o grupo operava da seguinte forma:
- Adquiriam grãos de produtores por valores acima do mercado
- Vendiam esses grãos por preços abaixo do mercado
- Não recolhiam os tributos devidos
- Utilizavam empresas “noteiras” para emitir notas fiscais falsas
- Contratavam “laranjas” para facilitar a sonegação
- Lavavam o dinheiro para reintroduzi-lo como lícito
“Quem pagava a conta era o Estado de Goiás, porque havia sonegação de impostos e eles não recolhiam o tributo,” explicou o delegado Marques.
Números Impressionantes
A investigação descobriu uma movimentação financeira suspeita de aproximadamente R$ 19 bilhões em pouco mais de três anos. As autoridades solicitaram o bloqueio desse montante, embora até o momento a Justiça não tenha deferido o pedido.
A Defesa se Manifesta
A defesa do casal, por meio de seu advogado, lamentou as acusações e afirmou que Vinicius e sua família atuam no ramo há mais de uma década sem problemas anteriores. Segundo o advogado, as dificuldades financeiras recentes seriam decorrentes de “uma questão econômica” e que acordos para pagamento de débitos estão em andamento.
“Isso é um absurdo. As pessoas que denunciaram o Vinícius, bem como a autoridade policial, deveriam colocar a mão na consciência e entender que um empresário que constituiu débitos porque não conseguiu saldar suas obrigações em decorrência das alterações de mercado não é um criminoso,” declarou o defensor.
Este caso complexo continua em desenvolvimento, com as autoridades intensificando os esforços para localizar o casal foragido. Enquanto isso, o setor agrícola de Goiás enfrenta as repercussões deste suposto esquema, que não apenas afetou produtores individuais, mas também teria causado prejuízos significativos aos cofres públicos do estado.
A situação serve como um alerta para a necessidade de maior vigilância e regulamentação no setor de commodities agrícolas, bem como para os desafios enfrentados pelas autoridades na investigação de crimes financeiros sofisticados.
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