Símbolo de Lisboa, o Elevador da Glória transformou-se em cenário de luto depois do acidente que matou 16 pessoas e feriu mais de 20
Lisboa viveu um passado recente marcado por rotina e charme até o Elevador da Glória — o funicular amarelo que tantos lisboetas e turistas tomavam — se tornar palco de uma tragédia. Desde 1885, o equipamento subia disciplinadamente a Calçada da Glória, num percurso que levava apenas três minutos entre a Baixa e o Bairro Alto. Era moderno para a época: começou com contrapeso de água, evoluiu para o vapor e logo se tornou elétrico, mantendo o estilo que atravessou gerações.
O elevador era parte da paisagem urbana. Uma construção de aço, dois carros movidos em concerto por cabo, com tração elétrica. Quase 275 metros de distância e 18 % de inclinação desafiavam a gravidade enquanto transportavam mais de 3 milhões de passageiros por ano. Virou Monumento Nacional e ponto certo para foto e passeio. Era fácil entender o fascínio de Lisboa por ele.
Por isso a comoção com o acidente de 3 de setembro de 2025. Naquela tarde, por volta das 18h05, o cabo estrutural se rompeu. O carro número 1 desceu desgovernado, descarrilou e bateu em um prédio. O outro carro ficou suspenso, sem tombar — mas passageiros e transeuntes ficaram entre os escombros do que era ícone e virou tragédia.
O impacto foi devastador: 16 mortos e 21 feridos, entre passageiros e pedestres, de várias nacionalidades. Entre as vítimas estavam um guarda-freio da Carris e turistas, incluindo uma criança de três anos que sobreviveu com ferimentos leves.
Lisboa entrou em luto. O governo decretou luto nacional, a câmara municipal decretou luto na cidade. As linhas de Bica, Lavra, Santa Justa e Graça foram suspensas para inspeção imediata.
A investigação está em curso. O Ministério Público, o GPIAAF e a PJ apuram causas, entre manutenção e falhas no cabo. A Carris afirma que os protocolos foram respeitados e que a última manutenção geral ocorreu em 2024.
No fim, o que era símbolo de Lisboa se tornou marca de dor. E ficou o desafio urgente de recuperar não só o elevador — mas a confiança que ele representava para tantas pessoas.