Foi divulgada antecipadamente por uma agência ligada à jornalista que realizou a entrevista
Na capital brasileira, Brasília, DF, uma parte da entrevista dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à TV Record foi divulgada antecipadamente por uma agência ligada à jornalista que realizou a entrevista, gerando repercussão no mercado financeiro antes mesmo da emissão oficial pela emissora.
Antes do meio-dia, uma corretora compartilhou com os investidores declarações de Lula sobre sua hesitação em relação aos cortes de gastos e sobre a flexibilidade quanto à meta fiscal, apesar de seu comprometimento com o arcabouço fiscal.
“Durante uma entrevista para a Record TV, que será exibida ao longo do dia, o presidente Lula expressou a necessidade de ser convencido sobre a realização de cortes de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões, conforme será detalhado no relatório de 22 de julho. Ele também mencionou que não se opõe a ajustes na meta, se necessário”, revelou o trecho divulgado pela corretora BGC, atribuído à Capital Advice, empresa de análise política da qual Renata Varandas, a entrevistadora, é sócia. A Capital Advice fornece serviços para a BGC.
A Record veiculou um segmento da entrevista com Lula às 13h48. Antes dessa divulgação, o dólar apresentou uma alta significativa, influenciado pelas declarações do presidente, que geraram incertezas fiscais. Contudo, a moeda fechou o dia em queda. A Bolsa de Valores também registrou um dia de baixa após as declarações.
No site da Capital, a empresa se descreve como uma referência em análise política, com uma equipe que possui 20 anos de experiência e uma vasta rede de contatos nos três poderes do governo.
A Capital não respondeu aos questionamentos da imprensa, assim como a jornalista Renata Varandas. A Record, por outro lado, comunicou que tomará as medidas necessárias após investigar o ocorrido, enfatizando que não tinha conhecimento prévio da conexão entre Varandas e a Capital Advice e condenando o vazamento de informações.
A Secretaria de Comunicação do governo Lula não comentou o assunto.
A entrevista completa foi transmitida às 19h55, embora trechos tenham sido divulgados mais cedo. Em um desses trechos, Lula discutiu a flexibilidade da meta fiscal frente a prioridades maiores, apesar de reafirmar o compromisso com o arcabouço fiscal. O presidente também destacou a necessidade de ser convencido sobre a realização de cortes de gastos para 2024.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) comentou que as declarações foram tiradas de contexto, enfatizando o compromisso do governo com o arcabouço fiscal. Lula, na entrevista, enfatizou que a meta fiscal é uma questão de perspectiva e que o país tem flexibilidade para crescer, independentemente de atingir um déficit zero ou próximo disso.
Haddad indicou a possibilidade de bloqueios e contingenciamentos no Orçamento deste ano, que serão detalhados no próximo relatório bimestral de receitas e despesas.
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