Em um evento lotado na Casa Folha durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), as autoras Francesca Angiolillo e Raquel Cozer compartilharam insights fascinantes sobre as vidas de Tarsila do Amaral e Lygia Fagundes Telles, respectivamente. Sob a hábil mediação da jornalista Fernanda Mena, da Folha de S.Paulo, o debate mergulhou nas nuances do processo biográfico e nas complexidades de retratar mulheres icônicas.

Jornadas Biográficas Distintas

As autoras revelaram abordagens contrastantes em suas jornadas biográficas:

Angiolillo, estreante no gênero biográfico, foi convidada pela Companhia das Letras para escrever sobre Tarsila. Já Cozer, com background jornalístico, propôs o projeto sobre Telles à editora.

Biógrafas revelam detalhes surpreendentes e complexidades das vidas de duas gigantes da cultura brasileira – Folha de São Paulo

Desvendando Tarsila: Além da Musa Modernista

Angiolillo apresentou uma visão crítica de Tarsila do Amaral:

• Não pioneira do modernismo (título atribuído a Anita Malfatti)
• Captou o espírito da época, criando um modernismo brasileiro exportável
• Tornou-se o “rosto literal” do movimento modernista
• Iniciou sua carreira artística tardiamente, aos 30 anos, após separação

“Tarsila foi literalmente o rosto do modernismo” – Francesca Angiolillo

A biógrafa busca humanizar a imagem eternizada de Tarsila, abordando temas como sua velhice e as complexidades de sua vida pessoal.

Lygia Fagundes Telles: Desvendando Mitos e Contradições

Cozer revelou aspectos intrigantes sobre Lygia Fagundes Telles:

1. Discrepância de idade: Nascida em 1918, mas alegava ter nascido em 1923
2. Participação controversa como jurada no concurso Miss Brasil
3. Relacionamentos complexos, incluindo um segundo casamento polêmico

“Tem momentos que ela pisa na bola.” – Raquel Cozer sobre Lygia Fagundes Telles

Paralelos Surpreendentes

As biógrafas destacaram semelhanças curiosas entre Tarsila e Lygia:

• Ambas mentiram sobre suas idades
• Vivenciaram separações e segundos casamentos controversos
• Seus parceiros, apesar de “esquerdomachos”, foram fontes de apoio artístico

Quadro: Amores e Controvérsias

Este debate na Flip não apenas iluminou as vidas de duas gigantes da cultura brasileira, mas também levantou questões importantes sobre a complexidade de retratar figuras históricas, especialmente mulheres, em toda sua humanidade e contradições. As biógrafas demonstraram a importância de uma abordagem equilibrada, que celebra os feitos dessas mulheres enquanto reconhece suas falhas e vulnerabilidades humanas.