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Dólar estende perdas e Bolsa avança com dados de inflação dos EUA abaixo do esperado

Dólar estende perdas e Bolsa avança com dados de inflação dos EUA abaixo do esperado

Na segunda-feira, o dólar fechou em queda de 0,28%, aos R$ 5,498, e a Bolsa subiu 0,38%, aos 131.115 pontos.

Nesta terça-feira (13), o dólar apresentou uma queda significativa, enquanto investidores avaliavam os dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos e aguardavam novas declarações de membros do Banco Central (BC).

Às 15h54, a moeda norte-americana recuava 0,76%, sendo cotada a R$ 5,456 na venda, acompanhando a valorização de moedas de outros mercados emergentes. Simultaneamente, a Bolsa brasileira registrava uma alta de 0,98%, alcançando 132.401 pontos.

Os dados de inflação ao produtor dos EUA (PPI, na sigla em inglês) vieram abaixo das expectativas nesta terça-feira. O indicador, que serve como um termômetro para o custo de vida das famílias nos próximos meses, subiu 0,1% em julho, enquanto economistas consultados pela Reuters projetavam um aumento de 0,2%.

Em um período de 12 meses, o PPI teve uma alta de 2,2%, após um aumento de 2,7% em junho.

Esses números reforçam a percepção de que a inflação está desacelerando em meio ao ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, em um momento em que os investidores estão atentos a qualquer sinalização sobre a taxa de juros norte-americana.

“Creio que no cenário externo, o PPI ajudou a aliviar o dólar… isso em um movimento global. Parece-me um movimento bem alinhado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

A expectativa agora se volta para a inflação ao consumidor dos EUA, medida pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), cujos dados serão divulgados nesta quarta-feira.

Os agentes financeiros consideram certo o início do afrouxamento na taxa de 5,25% e 5% pelo Fed na próxima reunião de política monetária, em setembro, embora a magnitude do corte ainda seja incerta. As apostas medidas pela ferramenta CME Group FedWatch projetam chances iguais de um corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.

Na semana passada, o corte de maior magnitude chegou a ser consenso entre os investidores, em meio a temores de recessão na maior economia do mundo, após a divulgação de dados de emprego mais fracos do que o esperado em julho. Essa perspectiva arrefeceu com números mais favoráveis e declarações apaziguadoras de autoridades do Fed.

Em tese, quanto mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo para investidores estrangeiros, gerando um redirecionamento de capital para locais com ativos mais rentáveis, como o Brasil.

Dólar Cai e Bolsa Sobe com Inflação ao Produtor dos EUA Abaixo do Esperado

Dólar Cai e Bolsa Sobe com Inflação ao Produtor dos EUA Abaixo do Esperado

No cenário doméstico, autoridades do BC participam de eventos nesta terça-feira. O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, compareceu a uma audiência pública na Câmara dos Deputados pela manhã e afirmou que não houve uma “disfuncionalidade grande” que justificasse intervenção no momento de forte alta do dólar nos últimos meses.

Campos Neto também rebateu críticas, especialmente do governo, afirmando que a decisão do Banco Central sobre a não-intervenção foi tomada de maneira colegiada e acrescentou que o diretor responsável pelo setor na instituição foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso, Gabriel Galípolo, favorito para assumir a presidência da autarquia após a saída do atual mandatário.

Na véspera, em evento na FGV, Campos Neto também reforçou que o compromisso de fazer a inflação convergir à meta será cumprido, independentemente de quem for o próximo presidente do BC. “Temos emitido mensagem inequívoca e consensual, isso está sedimentado”, disse.

Na análise de Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, a fala abre espaço para a interpretação de que o BC pode aumentar novamente os juros do país, mesmo que signifique ir contra o presidente Lula.

“Isso demonstra que a situação fiscal do país está sendo gerida de perto e com muita cautela, tanto pelo BC, quanto pelo governo que está se empenhando para entregar os cortes de gastos prometidos.”

Já Galípolo, que afastou a percepção de interferência política em decisões de diretores indicados por Lula, em evento na quinta-feira (8), esteve em uma palestra da Warren Investimentos na segunda e comparece hoje ao “Finance of Tomorrow”, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, não há um problema de liquidez no mercado de câmbio à vista brasileiro e que o BC também avaliou que não seria correto fazer uma atuação extraordinária no mercado de derivativos nos momentos de pico do dólar.

Galípolo ainda reforçou que o atual cenário é desconfortável para o cumprimento da meta de inflação e apontou que dados mais recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) levantaram alertas e pontos de preocupação.

Na sexta-feira, o indicador oficial da inflação no país acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021. O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, o IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. Esse é justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes deixaram claro que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.

O mercado tenta antever os próximos passos do BC. De um lado, há quem aposte em uma nova alta na Selic; de outro, alguns agentes esperam manutenção.

No Boletim Focus desta semana, especialistas consultados pelo BC mantiveram a projeção de que a Selic continuará em 10,50% ao ano até o final de 2024. Eles também elevaram as expectativas de inflação após os dados do IPCA, para 4,20%, ante 4,12% na semana passada.

Na Cena Corporativa:

  • Natura desabava 8,85%, após reportar aumento no prejuízo no segundo trimestre, além de pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos da subsidiária não operacional Avon Products, da qual é a maior credora.
  • MRV caía 2,37%, também na esteira da divulgação do balanço do último trimestre.
  • Vale perdia 0,21% e Petrobras operava mista, com os papéis preferenciais operando em estabilidade e os ordinários recuando 0,25%.

A ponta positiva era liderada pela CSN Mineração, que avançava 6,69% com alta de 47,4% no Ebitda ajustado ano a ano, para R$ 1,6 bilhão.

Bancos subiam em bloco: Itaú tinha valorização de 2,17%, seguido por BTG Pactual(1,83%), Santander(1,42%), Bradesco(1,29%) e Banco do Brasil(1,25%).

Na segunda-feira, o dólar fechou em queda de 0,28%, aos R$ 5,498, e a Bolsa subiu 0,38%, aos 131.115 pontos.

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