Em uma ação coordenada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Modesto Pollara, juntamente com o secretário executivo Quesede Ayres Henrique e o diretor financeiro Bruno Vianna Primo, foram presos nesta quarta-feira (27). A operação investiga suspeitas de pagamento irregular em contratos administrativos e associação criminosa dentro da Secretaria de Saúde de Goiânia.

Detalhes da Operação

De acordo com o MP-GO, a investigação revelou que os envolvidos teriam concedido vantagens indevidas em contratos, desrespeitando a ordem cronológica de pagamentos e causando prejuízos significativos ao erário público. Durante a operação, foram encontrados R$ 20.085,00 em espécie na posse de um dos investigados. Além disso, o esquema teria agravado a crise na saúde pública de Goiânia, com uma dívida municipal de cerca de R$ 300 milhões com unidades de saúde.

A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) é uma das entidades mais afetadas, enfrentando uma dívida acumulada de R$ 121,8 milhões, o que levou à suspensão de atendimentos em algumas maternidades. A rede pública também sofre com a falta de insumos básicos e interrupção de serviços, resultando em relatos de mortes de pacientes à espera de vagas em UTIs.

Quesede Ayres Henrique, Wilson Modesto Pollara e Bruno Vianna Primo foram presos a pedido do MP

Quem São os Envolvidos

• Wilson Modesto Pollara: Médico graduado pela Universidade de São Paulo, Pollara já atuou como secretário adjunto de Estado da Saúde de São Paulo e secretário municipal da Saúde de São Paulo. Em julho, foi afastado pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás por suspeitas de irregularidades em contratações para o Samu.
• Bruno Vianna Primo: Diretor da Diretoria Financeira e do Fundo Municipal de Saúde, responsável pelo planejamento e execução orçamentária e financeira da Secretaria de Saúde.
• Quesede Ayres Henrique: Secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde, com funções de assessoria e integração das atividades da Secretaria.

Reações e Novas Nomeações

A defesa de Wilson Pollara, representada pelo advogado Thiago Peres, afirmou que se manifestará formalmente após ter acesso ao processo, confiando na inocência do secretário. A defesa de Quesede Henrique também aguarda acesso aos autos para emitir um posicionamento detalhado. Até o momento, a defesa de Bruno Vianna Primo não se pronunciou.

Em resposta à operação, a Prefeitura de Goiânia anunciou Cynara Mathias Costa como a nova secretária municipal de Saúde. O prefeito Rogério Cruz reafirmou o compromisso com a transparência e a colaboração com as investigações, destacando que a administração municipal enfrenta desafios pontuais e busca soluções contínuas. A nomeação de Cynara Mathias Costa como nova secretária de Saúde é um movimento estratégico da Prefeitura para tentar estabilizar a situação e implementar medidas corretivas. Com experiência em gestão de redes de atenção à saúde, Cynara enfrenta o desafio de reestruturar a secretaria e garantir que os serviços essenciais sejam restabelecidos e mantidos.

Prefeito Rogerio Cruz teve que conceder uma entrevista coletiva para tentar frear a crise

Notas Oficiais

A Prefeitura de Goiânia e as defesas dos envolvidos emitiram notas reiterando a colaboração com as investigações e a confiança na justiça. A gestão municipal enfatizou seu compromisso com a transparência e a lisura na administração pública, enquanto as defesas dos acusados destacaram o respeito ao devido processo legal e a expectativa de comprovação de inocência.

Impacto na Saúde Pública

A operação do MP-GO não apenas trouxe à tona questões de corrupção, mas também destacou a grave situação da saúde pública em Goiânia. A dívida acumulada e a má gestão dos recursos têm levado a uma crise sem precedentes, afetando diretamente o atendimento à população. A suspensão de serviços essenciais e a falta de insumos básicos têm gerado um cenário crítico, onde vidas estão em risco devido à falta de vagas em UTIs e outros serviços de saúde.

Rodrigo Paulo de Araújo Andrade morreu por falta de UTI e a bebê Mariaayla por falta de homecare

Contexto e Repercussões

A prisão dos altos funcionários da Secretaria de Saúde de Goiânia ocorre em um momento de intensa pressão sobre o sistema de saúde local. As denúncias de má gestão vêm se acumulando e com a morte de pacientes na rede municipal por falta de UTIs, o prefeito eleito Sandro Mabel teve que “adiantar” seu exercício e foi a Brasília buscar mais recursos para aliviar a pressão que ameaça mais pacientes na fila de espera por vagas de Tratamento Intensivo. O Senador da República Jorge Kajuru e Sandro Mabel conseguiram a liberação de verbas que podem indicar o fim da crise da saúde em Goiânia.

Prefeito eleito Sandro Mabel e o Senador Jorge Kajuru buscaram recusos junto ao Governo Federal

O Que Esperar a Seguir

Com as investigações em andamento, espera-se que mais detalhes sobre o esquema de corrupção sejam revelados. A população de Goiânia aguarda ansiosamente por soluções que possam mitigar os efeitos da crise na saúde pública. A transparência e a eficácia das ações da nova gestão serão cruciais para recuperar a confiança dos cidadãos e assegurar que os serviços de saúde voltem a operar de maneira eficiente e justa. A operação do MP-GO é um lembrete contundente da importância da integridade e da responsabilidade com os órgãos fiscalizadores na gestão pública. À medida que as investigações prosseguem, a expectativa é de que os culpados sejam responsabilizados e outros integrantes  e que medidas sejam implementadas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro. A saúde pública de Goiânia depende de uma administração transparente e comprometida com o bem-estar da população.