Brasília, DF – Em um depoimento marcado pela estratégia de defesa, o General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, optou por exercer seu direito constitucional ao silêncio durante as perguntas feitas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Heleno, que é um dos réus na ação penal que apura a suposta trama golpista e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, respondeu apenas aos questionamentos formulados por seu próprio advogado, Matheus Milanez.

O interrogatório, que ocorreu nesta terça-feira (10 de junho de 2025), faz parte da fase de coleta de depoimentos dos acusados do chamado “núcleo 1” da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. A postura de Heleno, de não responder diretamente a Moraes nem a outros membros da acusação, como o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, já era esperada e foi anunciada por sua defesa no início da sessão.

Durante as poucas respostas dadas ao seu advogado, Heleno minimizou falas consideradas golpistas, classificando-as como “figuras de expressão” e negou envolvimento em qualquer plano para desestabilizar as instituições. Ele também defendeu a atuação do GSI sob sua gestão, afirmando que “não havia clima para politizar” o órgão. Em um momento inusitado, o general chegou a ser repreendido por seu próprio defensor por fugir da objetividade nas respostas, com Moraes brincando sobre o ocorrido.

A decisão de Heleno de se calar diante das perguntas do relator reflete uma tática comum em processos de alta complexidade, buscando evitar contradições que possam ser usadas contra ele no decorrer da ação penal. O depoimento do General Heleno é mais um capítulo importante nas investigações que buscam esclarecer a extensão e os responsáveis pela suposta tentativa de golpe no Brasil.