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Aos 88 Anos, Jean-Claude Bernardet Navega entre Desafios de Saúde e a Paixão Pelo Cinema

Aos 88 Anos, Jean-Claude Bernardet Navega entre Desafios de Saúde e a Paixão Pelo Cinema

Seu físico, embora frágil e marcado pelo tempo, não o impede de se dedicar com vigor às suas paixões

Jean-Claude Bernardet, ao atingir a marca dos 88 anos, apresenta os sinais físicos esperados de sua idade, agravados por uma série de desafios de saúde, incluindo a convivência com o HIV, um câncer de próstata recorrente que optou por não submeter-se à quimioterapia, e uma significativa perda visual devido à degeneração ocular.

Contrastando com sua condição física, Bernardet exibe uma energia surpreendente. Seu físico, embora frágil e marcado pelo tempo, não o impede de se dedicar com vigor às suas paixões: atuar, dirigir e, atualmente, trabalhar em sua nova obra de autoficção, “Viver o Medo”. Este projeto segue o lançamento de “Wet Mácula: Memória/Rapsódia”, uma autobiografia não linear e aberta, co-criada com Sabina Anzuategui, que assumiu o projeto após o falecimento da editora Heloisa Jahn.

Residindo no icônico edifício Copan, no coração de São Paulo, Bernardet reflete sobre sua abordagem à vida e à arte: “Não planejo muito. Faço primeiro, penso depois. As coisas sempre aconteceram de forma circunstancial para mim – a universidade, ensinar, escrever, atuar, dirigir.”

Reconhecido como um dos mais influentes críticos e intelectuais do cinema brasileiro, Bernardet não se acomoda em suas conquistas passadas. Autor de quase vinte obras, incluindo análises fundamentais do cinema nacional como “Brasil em Tempo de Cinema” (1967) e “Cineastas e Imagens do Povo” (1985), ele continua a buscar novos desafios e colaborações.

Em agosto, uma série de exposições em sua homenagem será realizada nos Centros Culturais Banco do Brasil (CCBB) de BrasíliaSão Paulo e Rio de Janeiro, sob a curadoria da cineasta Andréa Cals. Bernardet, no entanto, está mais entusiasmado com seus projetos atuais com jovens cineastas e sua colaboração com Rubens Rewald, com quem co-dirigiu o documentário “#Eagoraoque” (2020), uma análise do cenário político brasileiro.

Aos 88 Anos, Jean-Claude Bernardet Navega entre Desafios de Saúde e a Paixão Pelo Cinema

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Atualmente, ele trabalha com o cineasta Fábio Rogério em filmes de curta duração, produzidos de forma independente e com recursos limitados, como “Cama Vazia”, que tem circulado por festivais desde o ano passado, e “A Última Valsa”, uma montagem de cenas de filmes nos quais Bernardet atuou, apresentada no Curta Kinoforum em São Paulo.

Além disso, Bernardet está envolvido em um novo longa-metragem, provisoriamente intitulado “Brizola”, que explora o impacto da classe média brasileira na trajetória política do país, refletindo sobre a figura do político gaúcho Leonel Brizola.

Apesar de sua rica história e colaborações com figuras icônicas do cinema brasileiro, Bernardet prefere trabalhar com a nova geração de cineastas, participando de projetos de estudantes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde lecionou até sua aposentadoria em 2004.

“Essas pessoas me convidam, e eu aceito com prazer. É gratificante dialogar com as gerações mais jovens. Com minha própria geração, o diálogo se esgotou”, ele observa.

Entre seus projetos recentes, destaca-se sua participação no curta “Adrenalina”, de Pedro Goifman, onde interpreta um ex-cirurgião cardiovascular. Este papel marca a continuidade de uma colaboração intergeracional, já que Bernardet trabalhou anteriormente com os pais de Goifman, os cineastas Kiko Goifman e Claudia Priscilla.

Desde 2008, quando protagonizou “FilmeFobia” de Kiko Goifman, a atuação assumiu um papel central na vida de Bernardet, culminando em sua recente participação em “Nosferatu”, de Cristiano Burlan, onde interpreta o pai do vampiro. Durante as filmagens, Bernardet demonstrou uma entrega total ao seu papel, uma abordagem que ressoa com a busca por autenticidade na atuação.

A trajetória de Jean-Claude Bernardet, marcada pela resiliência e pela constante reinvenção, reflete sua dedicação incansável à arte do cinema, servindo como inspiração para artistas e intelectuais em todo o Brasil.

Informações sobre a Mostra Bernardet no CCBB:

  • Brasília: 16 de agosto a 5 de setembro
  • São Paulo: 24 de agosto a 22 de setembro
  • Rio de Janeiro: 28 de agosto a 22 de setembro
  • Localizações: CCBB Brasília – Asa Sul Trecho 2; CCBB SP – R. Álvares Penteado, 112; CCBB Rio – R. Primeiro de Março, 66
  • Entrada: Gratuita
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