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Justiça suspende lei municipal que proibia corrida de cavalo no Jockey de São Paulo

Justiça suspende lei municipal que proibia corrida de cavalo no Jockey de São Paulo

Desembargador Damião Cogan concedeu uma liminar (decisão provisória) na manhã desta terça-feira (2)

SÃO PAULO, SP –  Para barrar os efeitos da lei aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo e promulgada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) que proíbe as corridas de cavalos com apostas na capital paulista.

Pela decisão, as autoridades municipais não podem punir o clube por manter as suas atividades até o julgamento do mérito da ação, que seguirá em tramitação na Justiça.

Em sua decisão, o desembargador levou em conta que a decisão traz consequências imprevisíveis ao clube, podendo provocar até mesmo a sua extinção. Ele destaca ainda a fundamentação do advogado José Mauro Marques, defensor do Jockey, de que a legislação que regulamenta a atividade é federal e não poderia ser alvo de uma proibição municipal.

A lei, de autoria do vereador Xexéu Tripoli (União Brasil), prevê um prazo de 180 dias a partir de sua publicação para que os estabelecimentos encerrem as atividades com animais que envolvam apostas. A lei municipal 18.147 foi sancionada por Nunes no último dia 28.

O presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), chegou a anunciar no dia anterior, quando o projeto foi aprovado em segundo turno, que iria ao Jockey para tomar posse da área. “Proprietários de cavalo, tirem os seus animais de lá, porque serão presos”, disse.

A aprovação do projeto é mais um capítulo da disputa pela posse do terreno. Desde a década passada, a administração municipal tenta cobrar dívidas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços) do clube, que contesta os valores cobrados. Um acordo em 2014 já havia garantido à prefeitura a Chácara Jockey, outro terreno que pertencia ao clube no Butantã, como pagamento de antigas dívidas.

Além disso, parte do terreno é uma concessão para fim específico. O encerramento das corridas de cavalo obrigaria o Jockey a devolver essa área para o município no caso de término da atividade.

Duas mudanças aprovadas nos últimos anos na Câmara aumentaram a pressão sobre a área. Uma alteração no Plano Diretor no ano passado transforma o terreno em um parque municipal. “Quero externar minha felicidade hoje, pois está criado o parque Jockey Club. Vamos fechar aquilo, graças a Deus”, disse o vereador, na ocasião.


À reportagem Leite afirmou que o Legislativo vai recorrer da decisão e subiu o tom das críticas ao Jockey.

“Ótimo, ele [Jockey] ganhou em caráter liminar. Vamos discutir, quero o pessoal do Jockey de novo, [explicando] onde está o dinheiro público. Aquilo lá chega ao nível de uma organização”, disse o presidente da Câmara. “Então, não dá para trabalhar dentro da cidade algo que gira em prol de uma organização criminosa. O dinheiro do Jockey é público. A gente respeita a decisão judicial, vamos discutir no fórum adequado”, completou.

Alterações no zoneamento do seu entorno também provocaram nova pressão para uma solução a respeito da área. As mudanças permitem a construção de prédios em ruas que só poderiam ser ocupadas por casas residenciais.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que tomará as medidas cabíveis no processo, por meio da Procuradoria Geral do Município. “Vale ressaltar que o Jockey possui dívidas com o município no valor de R$ 856.240.722,22, a maior parte referente ao não pagamento de IPTU e ISS”, afirmou.

O autor do projeto diz que sua proposta não tem relação com a disputa pelo terreno, a especulação imobiliária ou a ação de cobrança por dívidas antigas. “A minha intenção é garantir o bem-estar do animal. Precisamos garantir que eles não sejam usados para esse tipo de entretenimento.”

Tripoli afirma que a questão não é dizer que os animais sofrem maus-tratos, mas da exploração econômica da corrida em si. “Eu também aprovei um projeto que impede a criação de novos aquários e zoológicos na cidade”, conta.

O parlamentar cita também legislação municipal contra rodeios e outra, estadual, contra a presença de animais em circos. “É uma mudança cultural.”

Ele diz que no momento atacou apenas as corridas de animais com apostas para não confrontar outras leis federais e facilitar a aprovação do projeto. “Se fosse por mim, proibiria todas as atividades esportivas com animais, inclusive o polo equestre e o hipismo.”

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