Portal DATs

Lucro da Petrobras Cai 70% em 2024: Especialistas Analisam Impacto do Dólar

Lucro da Petrobras Cai 70% em 2024: Especialistas Analisam Impacto do Dólar

Petrobras Enfrenta Desafios com Prejuízo no Quarto Trimestre de 2024

A gigante brasileira Petrobras reportou nesta quarta-feira (27 de fevereiro) um prejuízo significativo no quarto trimestre de 2024, impulsionado por “eventos contábeis extraordinários”. A Empresa declarou um lucro total de R$ 36,6 bilhões em 2024, marcando uma redução substancial de 70% em comparação ao ano de 2023. A desvalorização cambial foi citada como a principal força motriz desse resultado, resultando em um prejuízo de R$ 17 bilhões no último trimestre, um contraste nítido em relação ao lucro de R$ 33 bilhões no mesmo período do ano passado.

Em um cenário desafiador e que levanta muitas dúvidas entre os investidores, os eventos contábeis extraordinários da empresa totalizam R$ 52,6 bilhões, destacando perdas de R$ 27,5 bilhões atribuídas à variação cambial do dólar. A companhia destacou esses fatores em seus relatórios financeiros para facilitar a compreensão e avaliação de seu desempenho.

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, reforçou que o prejuízo é, majoritariamente, resultante de ajustes contábeis sem impacto direto no caixa da empresa. Segundo ela, “a variação cambial entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior é a principal responsável.” Quando desconsiderados os eventos excepcionais, o lucro ajustado da Petrobras se elevaria para R$ 102,9 bilhões, ainda assim, demonstrando uma queda de 19,7% em relação ao lucro recorrente de 2023.

Análise Financeira e Perspectivas

De acordo com Renan Pieri, professor da FGV/EAESP, mesmo com as correções pelos eventos extraordinários, observa-se uma redução preocupante no fluxo de caixa. “Isso liga o sinal amarelo no desempenho da Petrobras”, alerta. A discussão se estende à política de preços adotada pela empresa, questionando a possibilidade de um impacto mais acentuado caso não houvesse uma defasagem nos preços dos combustíveis no Brasil.

Os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras refletiram esse cenário desafiador, com uma queda de cerca de 7% no mercado after hours, estabilizando-se em US$ 13,29.

Desafios do Mercado Externo e Volatilidade Interna

A companhia revelou que seu lucro anual ficou significativamente abaixo das projeções de analistas e bancos, que previam um valor de US$ 14,6 bilhões. Esta diferença é atribuída à deterioração do ambiente externo, com a queda nos preços do petróleo e margens internacionais reduzidas no refino, além de um menor volume de produção.

A alta do dólar, que acumulou 27,50% em relação ao real durante 2024, é destacada como um fator de pressão. Em janeiro de 2024, o dólar atingiu R$ 6,18, enquanto fechou a R$ 5,79 nesta quarta.

Ruy Hungria, da Empiricus, destacou que a queda na receita e no Ebidta já eram esperadas, mas os eventos extraordinários ainda surpreendem pelo montante. Apesar disso, Hungria observa que a empresa também se beneficia de receitas em dólar, o que pode equilibrar as contas no longo prazo.

Com uma produção de petróleo reduzida em 3%, devido a paradas para manutenção, e um declínio nas vendas de gasolina e diesel, a Petrobras enfrenta um cenário complexo que parece estar longe de se estabilizar.

Lucas Sigu Souza, da Ciano Investimentos, traz uma perspectiva otimista: “Prevejo que no primeiro trimestre de 2025, a Petrobras poderá reportar um lucro significativo que compensará o prejuízo contábil do último trimestre.”

Com a Petrobras navegando por águas turbulentas, o mercado aguarda como a gigante brasileira ajustará suas velas para enfrentar os ventos da volatilidade econômica e garantir sua estabilização e crescimento futuros.

Estratégias e Ajustes Futuros

A Petrobras enfrentou 2024 com poucas alterações nos preços dos combustíveis, mesmo em meio à intensa volatilidade dos preços internacionais do petróleo. Durante o ano, a empresa implementou apenas um aumento na gasolina, e nenhum no diesel até o início de fevereiro de 2025, quando repassou o aumento dos custos.

Esta cautela nos reajustes de preço alimenta discussões sobre a estratégia da Petrobras diante do mercado global e das pressões econômicas domésticas. Especialistas se perguntam se esta estratégia mais conservadora poderia ter contribuído para a situação financeira atual.

Desafios e Oportunidades

Para reverter a situação, a Petrobras deverá adotar medidas que não apenas mitiguem os efeitos adversos da variação cambial, mas que também ampliem a eficiência operacional e maximizem a lucratividade a longo prazo. Fortalecer a integração entre suas operações locais e internacionais pode ser uma via crucial para reduzir a exposição aos riscos cambiais.

Além disso, a capacidade da empresa de reagir às mudanças no mercado energético global, explorando novas tecnologias e investindo em fontes de energia renováveis, poderá ser determinante para sua resiliência e adaptação ao cenário econômico futuro.

À medida que a Petrobras avança para 2025, a capacidade de superar os desafios impostos pela volatilidade cambial e pelas tensões no mercado de energia será crucial. A empresa deve buscar inovação, agilidade e ajustes estratégicos para manter sua posição como líder no setor energético, garantindo a confiança de investidores e a sustentabilidade de seu crescimento.

Com o olhar atento para o mercado global e as complexidades locais, o desempenho futuro da Petrobras será acompanhado de perto por investidores e analistas, que esperam ver como a empresa navegará as águas desafiadoras para alcançar um futuro que os brasileiros esperam para um “orgulho nacional”, como é a Petrobrás..

Equipe DATs
ADMINISTRATOR
PERFIL

Mais Notícias