“O Cilada” emerge como um thriller que entrelaça a complexidade da paternidade com o fascínio pelos espetáculos pop gigantescos
Em uma abordagem única que apenas uma mente como a de M. Night Shyamalan poderia conceber, “O Cilada” emerge como um thriller que entrelaça a complexidade da paternidade com o fascínio pelos espetáculos pop gigantescos, reminiscentes dos concertos de Taylor Swift. Este filme, que evoca a maestria de Alfred Hitchcock através de sua atmosfera sombria, mergulha no tema com uma precisão que parece intencionalmente alinhada ao estilo do lendário diretor britânico.
A narrativa de Shyamalan é meticulosamente construída, transformando o enredo em um intrigante jogo de perseguição, característico dos thrillers de Hitchcock, porém com a assinatura única do diretor. A premissa do filme é revelada desde o início: um pai leva sua filha a um concerto de uma estrela pop, apenas para descobrir que o evento é na verdade uma operação policial destinada a capturá-lo, pois ele é um serial killer que vem aterrorizando a cidade há meses.
A “cilada” do título se manifesta na tensão silenciosa que envolve o protagonista, interpretado por Josh Hartnett, que passa o filme tentando encontrar uma saída enquanto a polícia está à sua procura sem saber sua identidade. Sua filha, por outro lado, permanece ignorante da verdadeira natureza de seu pai durante o evento.
O filme se destaca pelo suspense gerado pela luta do protagonista para escapar, com a câmera frequentemente focada no serial killer, capturando a armadilha montada pela polícia de maneira sutil. Shyamalan se afasta do realismo convencional, optando por uma encenação mais elaborada e planos astuciosos que revelam diferentes facetas do show e do protagonista.
“O Cilada” também explora a dualidade da paternidade, com o diretor investigando a complexidade dos pais que, ao mesmo tempo que amadurecem com a criação dos filhos, não abandonam completamente suas essências anteriores. Este tema, recorrente nas obras de Shyamalan, atinge um novo patamar com a preocupação do assassino em ocultar sua verdadeira identidade da filha, adicionando uma camada perturbadora à narrativa.
A obra segue a linha dos filmes mais recentes de Shyamalan, como “Tempo” e “Batem à Porta“, onde o diretor explora seus medos pessoais relacionados à família. “O Cilada” leva esses temores a um nível mais íntimo, com Shyamalan enfrentando o terror de ser o pai que ameaça o que mais ama.
A homenagem a Hitchcock é evidente, mas “O Cilada” também remete a Brian De Palma, especialmente em filmes como “Olhos de Serpente“, por sua ambientação em grandes eventos e a habilidade de brincar com a narrativa além da superfície. A atuação de Josh Hartnett é destacada como uma das melhores sob a direção de Shyamalan, trazendo uma expressividade que remete ao cinema mudo e revelando gradualmente a psicopatia oculta por trás de um semblante amigável.
“O Cilada” é uma obra que não apenas entretém, mas também provoca reflexões profundas sobre a paternidade e a identidade, marcando mais um capítulo intrigante na carreira de M. Night Shyamalan.
Avaliação: Excelente
Estreia: Quinta-feira, 8
Classificação Indicativa: 14 anos
Elenco: Josh Hartnett, Saleka Shyamalan, Alison Pill
Produção: Estados Unidos, 2024
Direção: M. Night Shyamalan
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