Ministério Público de Goiás Denuncia Sete Policiais Militares por Tortura e Tentativa de Homicídio
O major da Polícia Militar de Goiás, torturado durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope), teve seu quadro de saúde ocultado da família. Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), os policiais responsáveis tentaram disfarçar a situação alegando que o oficial estava internado com Covid-19 e 40% do pulmão comprometido. Inicialmente, o major foi transferido para um hospital de confiança dos militares e monitorado por um coronel médico, membro do curso do Bope.
Ocultação e Tentativa de Homicídio
O MPGO afirmou que os policiais, cientes da gravidade do estado de saúde do major, optaram por esperar sua morte para entregar o corpo à família em um caixão lacrado, alegando contaminação por Covid-19, para evitar que os fatos fossem investigados. Os crimes ocorreram em outubro de 2021, mas foram mantidos em segredo por mais de dois anos. No mês passado, o MPGO denunciou sete PMs por tortura e tentativa de homicídio, mas a denúncia ainda não foi acatada pelo Judiciário.
O major João (nome fictício) foi submetido a torturas com varadas, pedaços de madeira e açoites de corda durante três dias no 12º Curso de Operações Especiais do Bope, na Base Aérea de Anápolis. Ele desmaiou e entrou em coma, sendo internado em estado gravíssimo com lesão neurológica, rabdomiólise e necessidade de hemodiálise.
Falsa alegação de Covid-19
Durante o curso, o major passou mal e foi entubado na tarde de 16 de outubro, um sábado, mas a família não foi informada. A esposa, promotora de Justiça, só soube da internação por um amigo. No hospital, um coronel médico alegou que o major estava com Covid-19, sem apresentar comprovação. A documentação médica posteriormente mostrou que ele precisava de hemodiálise, mas não estava recebendo o tratamento adequado.
Transferência e recuperação
Após insistência, a esposa conseguiu transferir o major para um hospital de confiança, onde foram constatadas lesões corporais graves e resultado negativo para Covid-19. O major recebeu alta no final de outubro de 2021, mas teve complicações posteriores e ainda enfrenta sequelas físicas e emocionais. Ele teve uma perda parcial de movimentos de um lado do corpo e 30% dos rins comprometidos.
O MPGO também destacou que os policiais tentaram destruir provas após a transferência do major para outro hospital.
Denúncia e Impunidade
O MPGO denunciou sete policiais por tentativa de homicídio e tortura. Apesar disso, todos continuam trabalhando normalmente, e apenas três foram punidos com 12 horas de prestação de serviço.
A Polícia Militar de Goiás afirmou que o inquérito policial militar foi concluído e encaminhado para a Justiça Militar. As investigações seguem em sigilo.
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