O Brasil inicia na próxima semana a disputa do Mundial da modalidade, na Finlândia
A seleção brasileira de flag football, novo esporte olímpico semelhante ao futebol americano, se prepara para seu primeiro compromisso no ciclo para os Jogos de Los Angeles-2028. O Brasil inicia na próxima semana a disputa do Mundial da modalidade, na Finlândia, mas tanto a federação quanto a comissão técnica e os atletas tiveram que arcar com os custos do próprio bolso para viabilizar a participação no campeonato.
A participação no Mundial é um sonho para os envolvidos, mas o custo total gira em torno de R$ 9,5 mil por pessoa. São cerca de R$ 5 mil para as passagens de ida e volta do Brasil até a Finlândia, além de aproximadamente R$ 4,5 mil em taxas de inscrição, que incluem estadia e alimentação. Os representantes brasileiros foram selecionados entre praticantes de todo o país e vêm se preparando ao longo dos últimos meses.
Atletas e membros das comissões técnicas de ambas as seleções não recebem remuneração e ainda arcaram com quase 90% dos custos. Sentindo na pele e no bolso a realidade do esporte amador, eles precisaram buscar recursos para transformar essa oportunidade em realidade. Apesar das dificuldades financeiras, ninguém do grupo precisou desistir da viagem para o Mundial.
A CBFA (Confederação Brasileira de Futebol Americano) conseguiu cobrir parte dos custos, mas enfrenta limitações financeiras. A entidade não recebe subsídios federais nem possui patrocínios significativos, sobrevivendo das taxas pagas pelos atletas que participam dos campeonatos organizados ao longo do ano. Todos os funcionários são voluntários, dedicados ao crescimento da modalidade, assim como os atletas e técnicos.
Uma solução para a questão financeira foi buscar apoio e realizar ações paralelas de arrecadação, tanto individuais quanto coletivas. A equipe feminina organizou uma vaquinha, mas arrecadou menos de R$ 2 mil dos R$ 100 mil que tinha como meta. As seleções também levantaram fundos, ainda que escassos, com a venda de produtos e clínicas. Individualmente, atletas lançaram rifas e outras iniciativas, como a campanha “adote um atleta”, e algumas conseguiram apoio de governos por meio de programas públicos, como o Compete Brasília.
“Tudo é custeado basicamente pelas atletas. Nós, como confederação, tentamos ao máximo ajudar com esses custos, mas infelizmente hoje não conseguimos. Não temos um patrocinador máster nem nada que possa nos ajudar nesse ponto. Algumas atletas fizeram ações paralelas para levantar um pouco de dinheiro, algumas fizeram rifas, outras conseguiram apoio do governo de onde moram. Cada uma acaba se virando”, explicou Carol Sperb, manager da seleção brasileira feminina de flag football.
A realidade do esporte amador no Brasil é desafiadora, e muitos custos acabam saindo do bolso dos envolvidos. A comissão técnica também é composta por voluntários que não recebem remuneração e arcam com suas próprias despesas. “Sempre dividimos as coisas de forma igualitária. Com o pouco de dinheiro que entra, tentamos ajudar todos, especialmente aqueles que vêm de longe ou estão passando por momentos mais delicados”, acrescentou Sperb.
O torneio em questão é a “Copa do Mundo” da modalidade e serve como um ensaio para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, ainda distantes. Desde 2002, o Mundial reúne as principais seleções internacionais e é disputado bienalmente.
Curiosidade: O que é o Flag Football?
O flag football é uma modalidade adaptada do futebol americano, mais dinâmica e com menos contato físico. Em vez de equipamentos de proteção como capacete e ombreira, os jogadores utilizam um cinto com duas fitas (flags). A jogada é interrompida quando uma dessas fitas é retirada, substituindo a necessidade de derrubar o adversário. O touchdown continua valendo seis pontos, mas não há field goals (chutes), e sim conversões para um ou dois pontos em marcas pré-estabelecidas. Para efeito lúdico, é como se fosse o futsal do futebol de campo.
Busca de Campanha Histórica
A seleção feminina de flag football vem de um quarto lugar histórico e se prepara para sua sexta participação no Mundial. O time feminino brasileiro disputa o torneio desde 2012 e quase conquistou o pódio na última edição, perdendo para a Áustria na disputa pelo bronze.
Já a seleção masculina estreou na competição em 2021 e busca melhorar sua campanha. Os homens ficaram em 17º lugar entre 21 equipes na última edição e miram passar de fase em um grupo que conta com os ultrafavoritos e atuais tetracampeões consecutivos, os Estados Unidos. Os dois melhores da chave avançam.
As duas seleções estreiam na terça-feira (27). Se avançarem de fase, os jogos seguintes serão nos dias subsequentes. Os atletas viajam para a Finlândia neste final de semana.
O Brasil é o melhor país sul-americano no ranking internacional. A seleção feminina chega para o Mundial na 13ª posição no ranking da IFAF (Federação Internacional de Futebol Americano), enquanto a masculina ocupa a 17ª posição. Ambas as equipes do Brasil se sagraram campeãs no Sul-Americano da modalidade, disputado no final de 2022.
O Mundial também garante vagas para os World Games de 2025, que serão disputados na China. A seleção feminina ficou em sétimo lugar na última edição e mira ficar entre os oito melhores na Finlândia para assegurar sua participação no evento do próximo ano. A masculina, por sua vez, disputará os World Games pela primeira vez em caso de classificação.
Grupos do Brasil no Mundial:
– Seleção feminina – Chave C
– Seleção masculina – Chave A
- Estados Unidos (1º no ranking)
- Espanha (16º)
- Brasil (17º)
- Sérvia (32º)
Jogos do Brasil no Mundial da Finlândia:
– Seleção feminina
- Finlândia x Brasil: 27/08, às 4h30 (de Brasília)
- Brasil x Alemanha: 27/08, às 13h15 (de Brasília)
- Japão x Brasil: 28/08, às 2h (de Brasília)
- Brasil x Polônia: 28/08, às 7h (de Brasília)
– Seleção masculina
- Brasil x EUA: 27/08, às 3h15 (de Brasília)
- Sérvia x Brasil: 27/08, às 9h30 (de Brasília)
- Brasil x Espanha: 28/08, às 3h15 (de Brasília)
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