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O Café vai ficar mais Amargo ainda no Bolso do Brasileiro

O Café vai ficar mais Amargo ainda no Bolso do Brasileiro

A Crise no Preço da Bebida mais Querida do País é Culpa do Governo?

Põe mais água no café!


A paixão do brasileiro pelo café é inegável, sendo a bebida mais consumida no País, depois da água é claro! Mas ultimamente não há açucar que consiga adoçar o café na hora de passar pelo caixa do supermercado. O mercado de café no Brasil enfrenta um período crítico, e o que já está amargo continua com previsões de aumento de até 25% nos preços nos próximos dois meses, conforme divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Este cenário de alta contínua, observado desde maio do ano passado, é resultado de uma combinação de fatores climáticos adversos e mudanças nas dinâmicas do mercado global, visto que somos o maior produtor de café do mundo há mais de 150 anos. O mundo inteiro bebe café brasileiro de uma forma ou de outra.

Dinâmica de Preços e Impacto no Consumidor

Desde 2024, o café tem se destacado como o item mais caro da cesta básica, registrando um aumento de 37,4% em comparação ao ano anterior, superando produtos como leite, arroz e óleo de soja. Pavel Cardoso, presidente da Abic, destaca que a indústria ainda não repassou totalmente os aumentos de custo aos consumidores, apesar do encarecimento de 116,7% da matéria-prima em 2024. Uma bomba atômica no bolso do brasileiro.

E Quando Vai Parar de Subir?

A principal causa do aumento nos preços é atribuída a eventos climáticos que impactaram a safra de café nos últimos anos. A seca e as altas temperaturas, seguidas por chuvas prolongadas, prejudicaram a produção. Além disso, o aumento do consumo global e a entrada da China como novo mercado consumidor intensificaram a demanda. A Abic prevê que a estabilização dos preços pode ocorrer com a nova safra, prevista para ser colhida entre abril e maio. No entanto, um alívio significativo nos preços só é esperado após a safra do próximo ano. O impacto dos preços deve se manter elevado por mais dois ou três meses antes de uma possível estabilização.

Desafios Climáticos e Produção

Os últimos anos foram marcados por desafios climáticos significativos na produção de café no Brasil. Após uma safra recorde em 2020, eventos climáticos como geadas, El Niño e La Niña impactaram negativamente as safras subsequentes. Este histórico de adversidades, aliado à crescente demanda global, resultou na atual escalada de preços. Mas em 150 anos de liderança na produção de um dos grãos mais queridos do mundo, o Brasil já viveu diversas crises históricas, separamos as mais significativas:

Principais Crises Históricas do Preço do Café no Brasil

1. Ciclo do Café no Século XIX

  • Contexto: O café se tornou o principal produto de exportação do Brasil no século XIX, especialmente após a independência. Com a expansão das plantações nas regiões sudeste e sul, o Brasil se consolidou como líder mundial na produção de café.
  • Crises: Durante esse período, a crise principal foi a superprodução, que levou a uma queda nos preços internacionais, pois a oferta superou a demanda. Isso forçou o governo a intervir.

2. Crise da Década de 1920

  • Contexto: Após a Primeira Guerra Mundial, o mercado global enfrentou dificuldades econômicas. O Brasil, dependente do café, sofreu com a queda acentuada dos preços.
  • Medidas: O governo brasileiro adotou políticas de queima de estoques e destruição de plantações para reduzir a oferta e tentar estabilizar os preços.

3. A Grande Depressão de 1929

  • Impacto: A crise de 1929 teve um impacto devastador nos preços do café. O colapso econômico global reduziu drasticamente a demanda por café, resultando em um excesso de oferta e uma queda vertiginosa nos preços.
  • Resposta: O governo brasileiro implementou políticas de valorização, comprando e estocando café para controlar a oferta. O então Presidente Getúlio Vargas mandou queimar milhões de sacas de café entre 1931 e 1944 para regular o preço do grão no mercado internacional, parece loucura mas deu certo na época.

4. Crise dos Anos 60

  • Mudanças no Mercado: Durante os anos 1960, o aumento da concorrência de outros países produtores, como a Colômbia, afetou a hegemonia brasileira no mercado de café. Além disso, a mecanização e modernização em outras regiões ameaçaram a competitividade do café brasileiro.
  • Impacto: Houve uma necessidade de modernização das práticas agrícolas no Brasil para manter a competitividade.

5. Crise do Café Solúvel nos Anos 80

  • Inovação: A introdução do café solúvel e a popularização de novas marcas no mercado global mudaram as dinâmicas de consumo.
  • Desafios: O Brasil teve que se adaptar rapidamente a essas mudanças para não perder participação de mercado.

6. Crises Climáticas e o tal do “El Niño”

  • Eventos Climáticos: Nos últimos anos, eventos climáticos como geadas, secas e chuvas excessivas têm impactado significativamente a produção de café no Brasil.
  • Impacto no Preço: Esses fatores têm causado flutuações nos preços, como a recente alta de preços devido à seca e ao fenômeno do El Niño, que impactaram as safras.

7. Pandemia de COVID-19 (2020)

  • Impacto Global: A pandemia afetou cadeias de suprimento global, influenciando a logística e o consumo de café.
  • Desafios: Os produtores enfrentaram desafios logísticos e de mercado, levando a flutuações nos preços.

O café, sendo um dos pilares econômicos do Brasil, tem uma história marcada por crises e recuperações. Cada crise trouxe desafios únicos que exigiram adaptações e inovações do setor, moldando a trajetória do café brasileiro no mercado global. As lições aprendidas dessas crises continuam a influenciar as estratégias de produção e mercado no Brasil hoje.

Mercado Internacional

Por serem “commodities”, ou seja, um produto primário normalmente agrícola ou mineral produzido em grande escala e utilizadas como matéria-prima para a fabricação de outros produtos, o café é negociado nas bolsas internacionais, com contratos de café arábica na Bolsa de Nova York atingindo valores recordes. Isso acaba tornando a bebida um item de luxo na “cesta básica” do brasileiro. Este cenário levanta questões sobre a sustentabilidade e impactos de longo prazo para produtores e consumidores. Pavel Cardoso ressalta a importância de refletir sobre os efeitos dessa escalada no setor. A expectativa é que a próxima safra traga alguma estabilidade aos preços, mas os desafios persistem. Com um histórico de quatro anos de problemas climáticos e o aumento na demanda global, o mercado de café no Brasil continua incerto, exigindo monitoramento e estratégias adaptativas.A alta nos preços do café tem consequências significativas para consumidores e economia brasileira. Sendo um dos principais produtos de exportação, as flutuações afetam a balança comercial e a receita dos produtores. Para os consumidores, especialmente aqueles que dependem da cesta básica, o aumento representa um peso adicional no orçamento familiar.

O governo brasileiro desempenha um papel crucial na mediação dessa crise, seja por meio de programas de apoio aos produtores ou na facilitação de acordos comerciais. Medidas como a redução de impostos sobre produtos agrícolas e incentivos para práticas sustentáveis são algumas ações consideradas. Há que se dizer que ao contrário do que dizem alguns gurus da internet, a culpa do preços altos não é do Governo Federal, a maior pressão acontece no mercado de Commodities. Olhar para o futuro do setor de café no Brasil requer uma abordagem que inclui inovação, políticas públicas eficazes e cooperação internacional e nesse cenário a EMBRAPA(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desempenha um papel fundamental. Com o crescente papel da China como consumidor, o Brasil tem a oportunidade de expandir sua participação no mercado global, mas precisa superar os desafios atuais.

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