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Uso de ‘Marcapasso’ Cerebral Revela Avanços nos Sintomas de Parkinson

Uso de ‘Marcapasso’ Cerebral Revela Avanços nos Sintomas de Parkinson

Nature Medicine destaca progressos significativos em dispositivos de ‘marcapasso’ cerebral

Uma pesquisa inovadora divulgada na última segunda-feira (19) pela revista Nature Medicine destaca progressos significativos em dispositivos de ‘marcapasso’ cerebral, prometendo uma nova era no tratamento da doença de Parkinson. Este avanço tecnológico, ainda em fase inicial, possibilita que a estimulação elétrica seja ajustada em tempo real conforme a atividade cerebral do paciente, melhorando a capacidade de movimento afetada pela doença.

O estudo, conduzido por especialistas das Universidades da Califórnia e da Pensilvânia, envolveu a implantação de dispositivos de estimulação cerebral profunda (DBS) em quatro indivíduos. Tradicionalmente, a DBS opera através de uma estimulação constante (cDBS), aplicando uma intensidade fixa de estímulo elétrico por meio de eletrodos nas áreas cerebrais impactadas pela Parkinson, como o núcleo subtalâmico ou a parte interna do globo pálido.

A inovação reside na introdução de uma estimulação adaptativa (aDBS), que ajusta o estímulo elétrico baseando-se nas flutuações das necessidades do paciente, como aumentar a intensidade quando o efeito da medicação diminui. Isso é alcançado monitorando a atividade cerebral com eletrodos adicionais.

Em comparação com a abordagem contínua, a estimulação adaptativa não só diminui a dependência de medicamentos, como a levodopa, mas também tem o potencial de atenuar efeitos colaterais adversos, incluindo insônia e movimentos involuntários.

O processo de pesquisa foi meticuloso. Inicialmente, os pacientes foram submetidos a cirurgias para a inserção dos eletrodos e dispositivos, que foram configurados para funcionar como cDBS, a técnica padrão. Esta fase durou de sete a 31 meses. Posteriormente, desenvolveram-se algoritmos para a aDBS, determinando a intensidade e o momento do estímulo elétrico baseados na leitura da atividade cerebral. A personalização do tratamento envolveu identificar variações no núcleo subtalâmico ou no córtex motor, servindo como indicadores para ajustar a estimulação. Esta fase de personalização demorou até seis meses.

Pesquisa Revela Avanços no Uso de 'Marcapasso' Cerebral para Aliviar Sintomas de Parkinson

Pesquisa Revela Avanços no Uso de ‘Marcapasso’ Cerebral para Aliviar Sintomas de Parkinson

A comparação entre aDBS e cDBS revelou que a aDBS reduziu significativamente o tempo em que os pacientes experimentavam sintomas motores desagradáveis, com uma diminuição de quase 60% nos melhores casos.

As pesquisadoras Lauren Hammer, Carina Oehrn e Stephanie Cernera destacaram a promessa da DBS adaptativa, enfatizando sua capacidade de ajustar automaticamente a estimulação com base nos sinais cerebrais, minimizando a necessidade de intervenção do paciente.

A implementação da aDBS enfrenta desafios, incluindo a necessidade de simplificar e automatizar sua configuração para facilitar o uso clínico. Denis Bichuetti, professor de neurologia da Unifesp, aponta a importância de adaptar o sistema de saúde para incorporar tais inovações, superando obstáculos como custo e complexidade técnica.

Nos Estados Unidos, apesar da disponibilidade e cobertura por seguros de saúde, a utilização da DBS é limitada, um cenário que contrasta com o alto custo do tratamento no Brasil, podendo chegar a R$ 200 mil.

Futuras pesquisas visam automatizar a configuração da aDBS e expandir a detecção de sinais neurais para um tratamento mais personalizado. Além disso, há potencial para aplicar a estimulação cerebral ajustada em outras condições, como depressãoTOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e transtorno de estresse pós-traumático, abrindo novos caminhos para o tratamento de distúrbios neurológicos.

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