Especialistas questionam eficácia e viabilidade das medidas propostas pelo Ministro da Fazenda
O recente pacote econômico apresentado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou mais dúvidas do que certezas entre os especialistas do mercado financeiro. Com a promessa de uma economia de R$ 327 bilhões até 2030, o plano levanta questionamentos sobre sua real eficácia e a disposição do governo Lula em implementar ajustes fiscais significativos.
Principais pontos do pacote econômico:
- Economia total prometida: R$ 327 bilhões
- Distribuição temporal:
- R$ 72 bilhões entre 2025 e 2026
- R$ 255 bilhões entre 2027 e 2030
- Medidas incluem alterações no abono salarial e na política do salário mínimo
A controvérsia do Imposto de Renda
Uma das propostas mais polêmicas é a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, compensada pela taxação de pessoas com renda mais alta. Esta medida, em particular, gerou repercussão negativa no mercado.
“O principal objetivo, ter impacto positivo no curto prazo, frustrou por causa do [projeto do] Imposto de Renda” – Manoel Pires, economista do FGV Ibre
Desafios e críticas ao plano
Timing político: Com as eleições de 2026 se aproximando, há preocupações sobre a capacidade do governo em implementar medidas mais austeras.
Sustentabilidade fiscal: Economistas questionam se as metas propostas são suficientes para estabilizar a dívida pública, que já ultrapassou 78% do PIB.
Aprovação no Congresso: Há incertezas sobre a receptividade do Legislativo às propostas, especialmente às mudanças no Imposto de Renda.
Foco na arrecadação: Críticos argumentam que o plano prioriza o aumento da arrecadação em detrimento de cortes efetivos nos gastos.
Perspectivas para o futuro
CENÁRIO | PROBABILIDADE | CONSEQUÊNCIAS |
---|---|---|
Aprovação integral | Baixa | Potencial estabilização da dívida a longo prazo |
Aprovação parcial | Média | Necessidade de ajustes adicionais no próximo governo |
Rejeição do pacote | Alta | Possível crise fiscal e aumento acelerado da dívida |
Especialistas como Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, preveem a necessidade de um novo e mais robusto ajuste fiscal já na próxima administração. Segundo ele, o país precisa de um ajuste recorrente de R$ 250 bilhões ao ano para alcançar um superávit significativo e estabilizar a dívida pública.
O pacote econômico de Haddad, embora ambicioso em suas metas de longo prazo, enfrenta ceticismo quanto à sua eficácia imediata e viabilidade política. A batalha pela estabilidade fiscal do Brasil parece estar longe de terminar, com desafios significativos no horizonte até 2030.
“Há um esforço adicional em cumprir as regras. O que ficou desequilibrado é a preocupação com a repercussão política, tendo em vista que o horizonte eleitoral ainda está mais adiante” – Manoel Pires
Enquanto o governo busca recobrar a confiança do mercado, a trajetória da economia brasileira permanece incerta, dependendo não apenas da implementação bem-sucedida dessas medidas, mas também de possíveis ajustes futuros e da evolução do cenário político e econômico global.