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Produtores Questionam Eficácia de Ações do Governo Contra a Alta de Alimentos

Produtores Questionam Eficácia de Ações do Governo Contra a Alta de Alimentos

“Taxa Zero” para Importação não Deve Aliviar o Bolso do Brasileiro, Saiba Por Quê!

As recentes iniciativas do governo do presidente Lula  para conter os preços de alimentos essenciais como carne, café e milho, foram alvo de fortes críticas por parte de representantes do setor agro, que apontam a ineficácia dessas ações na mesa do brasileiro e o impacto negativo sobre os produtores rurais.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi um dos primeiros a se manifestar, afirmando que o governo não considerou a participação dos produtores na elaboração das medidas. Segundo Lupion, alternativas mais eficazes estariam na redução temporária de tributos como PIS/Cofins sobre insumos essenciais – medida que, segundo ele, beneficiaria diretamente a produção nacional ao reduzir os custos de fabricação de produtos como massas, pães e outros alimentos.

“Medidas como a redução de PIS/Cofins, a revisão da tributação sobre insumos agrícolas e até mesmo cortes temporários sobre produtos específicos, como o trigo e o óleo vegetal, trariam um efeito mais imediato e robusto para fortalecer nossa produção, ao invés de incentivar a importação e dar vantagem aos concorrentes”, declarou Lupion.

Importação Versus Produção Nacional

O deputado enfatizou que a estratégia de reduzir tarifas de importação de produtos, prática que já moveu o comércio exterior há duas décadas, não só representa um retrocesso, mas também não garante benefícios reais aos consumidores. Citando o exemplo da importação de arroz, Lupion ressaltou que o processo licitatório, marcado por controvérsias, não resultou em queda de preços e, de fato, manteve o abastecimento estável nas prateleiras do comércio e o peso no bolso das famílias.

Em tom crítico, o parlamentar ressaltou que a eficiência do Plano Safra, previsto para regular o mercado em aproximadamente dois meses, torna as medidas anunciadas pelo governo defasadas e sem o impacto necessário para corrigir os desequilíbrios do setor.

Ronaldo Caiado(GO), Eduardo Leite(RS) e outros Governadores também se colocaram contra a proposta e questionam se a melhor saída não está em “Casa”. Não cobrar impostos de produtos importados mantendo as tarifas para o Agro nacional é enfraquecer o produtor brasileiro sem resultado real na mesa do consumidor.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) também se manifestou, classificando as ações governamentais como paliativas. Em comunicado, a entidade destacou que a redução das tarifas de importação será ineficaz em um cenário no qual a produção interna é suficiente para suprir as demandas do mercado brasileiro, concluindo que a medida pode, inclusive, prejudicar a rentabilidade dos produtores rurais ao desestimular o investimento na produção nacional.

O diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, reforçou essa visão ao pontuar o caso do milho. Segundo Mendes, as exportações de milho sofreram forte impacto, com números caindo consideravelmente em 2024 em relação ao recorde de 2023. “Reduzir as tarifas de importação para o milho, por exemplo, puniria severamente o produtor, que já vem enfrentando enormes desafios decorrentes das perdas do ano anterior,” afirmou o executivo. Além disso, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) segue avaliando os impactos das medidas, e, enquanto isso, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) optou por não se pronunciar até o momento.

Propostas para um Agronegócio Mais Competitivo

Tanto Lupion quanto a SRB concordam que, para enfrentar os desafios do mercado e estabilizar os preços dos alimentos, há uma necessidade urgente de ampliar o acesso a um financiamento agrícola robusto e adequado. A prioridade, segundo os representantes, é oferecer crédito acessível e com taxas de juros competitivas para a Safra 25/26, garantindo a manutenção e o fortalecimento da produção nacional.

Em um discurso recente, durante um encontro em Minas Gerais, o presidente Lula também destacou a gravidade da alta dos preços dos alimentos e mencionou que o governo pode adotar medidas mais contundentes, inclusive em relação ao preço do ovo, um item que, segundo ele, “está saindo do controle” devido a diversos fatores, como o calor excessivo e a dinâmica do mercado internacional. As declarações dos principais representantes e associações do setor agro deixam claro que as medidas anunciadas pelo governo, ao invés de estimular uma recuperação imediata e sustentável, podem resultar num efeito colateral indesejado: a desvalorização da produção nacional e o enfraquecimento de um setor que é referência mundial em competitividade e qualidade. Com uma série de críticas fundamentadas, o debate sobre a melhor estratégia para estabilizar os preços e fortalecer a cadeia agropecuária continua a esquentar os palcos das discussões políticas e econômicas.

Enquanto a colheita da safra promete regular o mercado em breve, o apelo para uma política estrutural que reduza custos e fortaleça os produtores se torna cada vez mais urgente para evitar que o país volte a depender de importações que, historicamente, não garantem os impactos desejados para os consumidores.

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