Durante o encontro televisivo promovido pela TV Bandeirantes, envolvendo os aspirantes à liderança municipal de Salvador, o cenário foi de intensas críticas direcionadas ao atual gestor da cidade, Bruno Reis (União Brasil), além de um debate acalorado sobre as diferenças nas abordagens administrativas e a demanda por uma postura mais coerente por parte do vice-governador e agora candidato, Geraldo Júnior (MDB), anteriormente aliado de Reis até o ano de 2022.

Bruno Reis, buscando a reeleição, enfrentou questionamentos sobre desafios críticos como a eficiência do transporte público, a taxa de desemprego na região, iniciativas habitacionais e políticas ambientais. Em sua defesa, destacou os feitos de sua administração e a de ACM Neto, seu antecessor, ao mesmo tempo em que criticou os 18 anos de gestão do PT na Bahia.

A estratégia de Reis durante o debate foi estabelecer um paralelo entre a administração atual, sob sua liderança e a de ACM Neto nos últimos 12 anos, e a gestão precedente, referindo-se a esta como “o governo deles”.

De 2005 a 2012, Salvador esteve sob a administração de João Henrique Carneiro, que, após ser eleito em 2004 com apoio do PT e reeleito em 2008 com o suporte de ACM Neto, hoje é filiado ao PL, integrante da coalizão de Bruno Reis.

Geraldo Júnior, apoiado pelo PT nesta eleição, enfatizou sua aliança com o presidente Lula e a colaboração com o governador Jerônimo Rodrigues, priorizando, durante o debate, propostas voltadas para a melhoria da vida nas periferias da cidade.

Salvador: Debate Eleitoral Expõe Críticas ao Prefeito e Cobra Consistência de Vice

Ele criticou a atual gestão por focar apenas nas áreas mais abastadas de Salvador, negligenciando as regiões periféricas. “A gestão atual privilegia uma parte da cidade, deixando de lado a periferia, onde reside a maioria da população. Eles voltam suas atenções para a baía de Todos os Santos e a orla Atlântica, esquecendo-se do restante da cidade”, declarou.

O debate também foi palco para confrontos diretos, especialmente com Kleber Rosa (PSOL), que busca captar votos da base tradicionalmente petista. Rosa criticou Geraldo Júnior por seu passado como aliado de Reis, seu voto em Jair Bolsonaro (PL) em 2018, e exigiu uma reflexão crítica sobre sua participação nas políticas que, segundo ele, contribuíram para a exclusão social na cidade.

Geraldo, por sua vez, justificou seu apoio a Bolsonaro como uma orientação de Reis e ACM Neto, tentando alinhar-se a Rosa ao afirmar que sua mudança de alianças políticas visava contribuir para a “união e reconstrução” do país.

Bruno Reis, abordando a questão da mudança de lado político de Geraldo, expressou surpresa com a facilidade dessa transição, enquanto Geraldo acusou Reis de ser manipulado por ACM Neto, buscando posicionar-se na polarização política nacional, alinhando-se a Lula e contrapondo-se a Bolsonaro.

Kleber Rosa aproveitou a oportunidade para se apresentar ao eleitorado, compartilhando sua origem humilde e seu engajamento em movimentos sociais de esquerda, desafiando o prefeito em questões urbanas e apontando as incoerências de Geraldo Júnior.

Este debate inaugural na corrida pela prefeitura de Salvador reuniu candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional, em um contexto que espelha a polarização política entre os principais blocos da Bahia, com Bruno Reis representando o grupo no poder e Geraldo Júnior buscando o cargo com o apoio do PT, enquanto Kleber Rosa tenta se destacar no espectro político à esquerda.