Contudo, somente dez dessas capitais atingiram a meta previamente definida para o biênio anterior.
No mais recente levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) em 2023, observou-se uma melhoria geral no desempenho educacional nas capitais brasileiras nos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Contudo, somente dez dessas capitais atingiram a meta previamente definida para o biênio anterior.
O Ideb, reconhecido como o principal indicativo da qualidade da educação básica no Brasil, teve seus resultados mais recentes divulgados pelo Ministério da Educação na última quarta-feira (14). Surpreendentemente, São Paulo, a capital mais próspera do país, não só falhou em alcançar o objetivo de 6,2, mas também viu seu desempenho piorar ligeiramente, caindo de 5,7 em 2021 para 5,6 no último ano. Antes da pandemia, em 2019, a média era de 6, colocando a cidade abaixo da média nacional de 5,7 para escolas públicas. A administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuiu essa regressão aos impactos da pandemia.
Outras capitais como Florianópolis, Salvador, Campo Grande e Porto Alegre também registraram declínio nos resultados dessa fase educacional.
Por outro lado, Goiânia destacou-se com a maior média, alcançando 6,5, superando a meta de 6,1 para os anos iniciais. Outras capitais que se sobressaíram incluem Teresina, Rio Branco, Palmas e Curitiba.
As escolas municipais, responsáveis por 65% das matrículas dos anos iniciais do ensino fundamental no Brasil, são historicamente as que apresentam melhores resultados. Nesta etapa, as redes municipais foram as únicas a atingir a meta de 2021, estabelecida em 6 pontos numa escala de 0 a 10.
Apesar dos avanços, especialistas criticam as metas do Ideb por considerá-las baseadas em expectativas de aprendizado muito baixas. Em 2023, os alunos do 5º ano das redes municipais alcançaram uma média de 208 pontos em língua portuguesa, situando-se no nível 4 de proficiência numa escala de 1 a 9. Esse nível indica que os estudantes podem compreender humor em piadas ou identificar informações explícitas em receitas, mas ainda têm dificuldades em discernir o tema principal de uma reportagem ou a intenção de um texto em um cartaz.
Em matemática, a média de 219 pontos também reflete o nível 4 de proficiência, permitindo aos estudantes converter horas em minutos ou interpretar horários em relógios analógicos, mas não calcular a área de figuras geométricas ou somar diferentes valores monetários.
Chico Soares, ex-presidente do Inep, órgão responsável pelo Ideb, argumenta que é necessário reavaliar a qualidade educacional que o índice representa, apontando para as baixas expectativas de aprendizado que não atendem às demandas reais da vida.
O Ideb é calculado a cada dois anos e leva em consideração tanto a taxa de aprovação escolar quanto o desempenho dos alunos nas avaliações de matemática e português do Saeb. Criado em 2007, o índice tinha metas estabelecidas até 2021, mas não foi atualizado para os ciclos subsequentes pelos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo enfatizou seu compromisso em fortalecer o processo de aprendizagem diante dos desafios impostos pela pandemia, implementando ações de recuperação contínua e expandindo o atendimento em tempo integral, com 57% dos estudantes do 1º ano do ensino fundamental beneficiados por essa modalidade.
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