Nesta quarta-feira, o dólar apresentou uma ligeira valorização logo na abertura do mercado, refletindo a cautela dos investidores diante de novos sinais que apontam para uma possível desaceleração significativa na economia dos Estados Unidos, o que tem intensificado a aversão ao risco nos mercados internacionais.

Registrando um aumento de 0,14% às 9h04, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,6519. No dia anterior, havia encerrado o pregão com uma valorização de 0,49%, cotada a R$ 5,643, enquanto o índice da Bolsa de Valores brasileira recuou 0,41%, fechando em 134.353 pontos.

A reação do mercado na terça-feira foi influenciada pelo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre, que superou as expectativas. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia do Brasil cresceu 1,4% em relação ao trimestre anterior, superando a projeção de 0,9% feita por analistas consultados pela Bloomberg.

Esse crescimento, embora positivo e indicativo de uma aceleração econômica, ocorre em um momento de incertezas quanto às futuras decisões do Banco Central (BC) brasileiro em relação à política monetária, visando o controle da inflação. Especialistas, como Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, sugerem que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode adotar uma abordagem mais rigorosa em sua próxima reunião, considerando que o aumento da atividade econômica pode pressionar a inflação futuramente.

Variação do Dólar Reflete Preocupações com a Economia Americana

O Copom segue uma meta de inflação de 3%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A taxa Selic, principal ferramenta do BC para o controle inflacionário, permanece como um foco de atenção.

A inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou para 0,19% em agosto em comparação a julho, com a variação anual atingindo 4,35%, próxima ao limite superior da meta. A última ata do Copom, de julho, adotou um tom mais severo, mantendo a Selic em 10,50% ao ano pela segunda vez seguida, com o BC sinalizando a possibilidade de aumentos futuros na taxa, caso necessário.

Além do PIB, os dados de emprego da Pnad Contínua, também divulgados pelo IBGE, mostraram um mercado de trabalho em aquecimento, com a taxa de desocupação caindo para 6,8% no segundo trimestre, o menor nível desde o início da série histórica em 2012.

Leonel Mattos, analista da StoneX, observa que o desempenho surpreendente tanto do mercado de trabalho quanto da atividade econômica pode levar o Banco Central a um estado de “desconforto”, aumentando as expectativas de um aperto monetário de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom de 17 e 18 de setembro.

A diferença entre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos influencia diretamente a atratividade do dólar. Após a divulgação do PIB, a moeda americana atingiu sua mínima de R$ 5,576, mas voltou a subir diante das incertezas sobre as políticas de juros de ambos os países.

Investidores internacionais aguardam com cautela os dados do “payroll” americano, previstos para sexta-feira, que podem influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed) sobre cortes de juros em sua próxima reunião, também agendada para 17 e 18 de setembro.

No cenário corporativo, o Ibovespa foi impactado pela queda nos preços do minério de ferro e do petróleo, afetando diretamente as ações da Vale e da Petrobras, importantes componentes do índice. A mineradora registrou uma queda de 3,72%, enquanto as ações da petroleira recuaram entre 1,20% e 1,26%.